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Parlamento Europeu “aprovou resolução que apoia a luta de Israel contra os terroristas do Hamas-ISIS”?

União Europeia
O que está em causa?
No X/Twitter está a ser difundido um vídeo que supostamente regista o momento em que no Parlamento Europeu terá sido aprovada uma resolução - com 500 votos a favor e 21 contra - que "apoia a luta de Israel contra os terroristas do Hamas-ISIS e a libertação imediata dos reféns israelitas".

O reacendimento da guerra israelo-palestiniana originou uma nova vaga de conteúdos nas redes sociais que, em muitos casos, não passam de fake news ou desinformação. Desde vídeos que não são atuais nem correspondem à descrição dos mesmos, até à distorção de factos históricos ou simplesmente a invenção de mentiras sobre o conflito em curso com epicentro na Faixa de Gaza.

Neste contexto, o Parlamento Europeu também não escapa à vaga de desinformação. Por exemplo, no X/Twitter está ser difundido um vídeo que supostamente regista o momento em que no Parlamento Europeu terá sido aprovada uma resolução – com 500 votos a favor e 21 contra – que “apoia a luta de Israel contra os terroristas do Hamas-ISIS e a libertação imediata dos reféns israelitas”.

Esta história tem algum fundamento?

De facto, os eurodeputados aprovaram, no dia 19 de outubro, uma resolução na sequência dos “ataques terroristas hediondos do Hamas contra Israel“, em que manifestam “a sua profunda preocupação com a situação humanitária na Faixa de Gaza”, tal como se destaca num comunicado de imprensa emitido pelo Parlamento Europeu. O documento contou com 500 votos a favor, 21 contra e 24 abstenções.

No entanto, o propósito da resolução é diferente do que se alega no vídeo que está a ser difundido no X/Twitter. De facto, começa por manifestar a condenação por parte dos eurodeputados, “com a maior veemência”, dos “desprezíveis ataques terroristas cometidos pelo grupo terrorista Hamas contra Israel”. Segue-se uma manifestação de “apoio” do Parlamento Europeu “ao Estado de Israel e ao seu povo” e um apelo à “libertação imediata e incondicional de todos os reféns que foram feitos pelo grupo terrorista Hamas”.

Defende-se também a “necessidade de eliminar a organização terrorista Hamas” e reconhece-se o “direito de Israel à autodefesa”, embora sempre “consagrado e limitado pelo direito internacional”. Nesse âmbito sublinha-se que as “ações de Israel devem, por conseguinte, respeitar estritamente o direito humanitário internacional“. E adverte-se que “os ataques do grupo terrorista Hamas e a resposta israelita correm o risco de conduzir a um ciclo intensificado de violência na região”.

Mas ao contrário do que se afirma no vídeo em causa, o Parlamento Europeu enfatizou, através desta resolução, “a necessidade de encontrar uma solução pacífica para o conflito”, deixando um apelo “a uma pausa humanitária, ao desanuviamento e ao pleno respeito do direito humanitário internacional” no âmbito do conflito em curso.

Expressa-se ainda o “apoio inabalável” do Parlamento Europeu “a uma solução negociada entre dois Estados, com base nas linhas de 1967, com dois Estados soberanos e democráticos que vivam lado a lado em paz e com segurança garantida, com Jerusalém como capital de ambos os Estados e no pleno respeito do direito internacional”.

Em conclusão, no vídeo destaca-se apenas uma parte da resolução, de forma descontextualizada, o que acaba por ser enganador – sobretudo para quem não tem acesso ao texto da resolução. Acresce que a referência a “Hamas-ISIS” é completamente inventada, não consta da resolução.

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UE

Este artigo foi desenvolvido pelo Polígrafo no âmbito do projeto “EUROPA”. O projeto foi cofinanciado pela União Europeia no âmbito do programa de subvenções do Parlamento Europeu no domínio da comunicação. O Parlamento Europeu não foi associado à sua preparação e não é de modo algum responsável pelos dados, informações ou pontos de vista expressos no contexto do projeto, nem está por eles vinculado, cabendo a responsabilidade dos mesmos, nos termos do direito aplicável, unicamente aos autores, às pessoas entrevistadas, aos editores ou aos difusores do programa. O Parlamento Europeu não pode, além disso, ser considerado responsável pelos prejuízos, diretos ou indiretos, que a realização do projeto possa causar.

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Avaliação do Polígrafo:

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