“Comam o que quiserem na Páscoa, o sacrifício não está no estômago, mas no coração”: trata-se de uma citação que está a ser atribuída, segundo avança uma publicação recente no Facebook, ao Papa Francisco, dando a entender que o Sumo Pontífice teria “levantado” a obrigação de adotar restrições alimentares durante esse período particularmente importante para os indivíduos dessa religião.
Ao que tudo indica, o chefe de Estado do Vaticano teria notado que, mais importante do que tal abstinência, seria os católicos serem “menos soberbos e mais humildes de coração” e adotarem um “tratamento melhor ao próximo” durante este período de Quaresma.
Acrescenta a mesma publicação, que veicula declarações supostamente proferidas pelo Papa Francisco: “Eles abstêm-se de comer carne, mas não falam com os irmãos ou familiares, não vão visitar os pais ou pesa-lhes atendê-los. Não partilham a comida com os necessitados, proíbem os filhos de verem o pai, proíbem os avós de verem os netos, criticam a vida dos outros, espancam a mulher etc..”
Até porque um “bom churrasco ou um guisado de carne não vai fazer de você uma pessoa ruim, assim como um filé de peixe não vai fazer de você santo”, teria dito ainda o Sumo Pontífice.
Mas será que se confirma esta narrativa?
Primeiro que tudo, importa notar que na “Mensagem do Santo Padre Francisco para a Quaresma de 2024”, publicada no site oficial da Sala de Imprensa da Santa Sé a 1 de fevereiro deste ano e intitulada “Através do deserto, Deus conduz-nos à liberdade”, bem como nas restantes mensagens do Sumo Pontífice a propósito da Quaresma desde que assumiu o cargo, em 2013, não se identificam quaisquer declarações como as acima mencionadas.
Além disso, não existem relatos, em órgãos de comunicação social credíveis, que comprovem que o líder máximo da Igreja Católica alguma vez tenha proferido declarações semelhantes. Caso se tratasse de uma afirmação real, teria sido certamente noticiada pelos media internacionais.
Na verdade, trata-se de uma alegação que tem já vindo a ser desmentida por várias plataformas de fact-checking a nível internacional, como a “Rappler”, o “USA Today” ou o “Verificador de La República”, pertencentes à International Fact-Checking Network (IFCN). Aliás, este último meio de comunicação refere, inclusive, que estas alegações têm vindo a circular nas redes sociais desde, pelo menos, abril do ano passado.
Perante estes factos, concluímos ser falso que o Papa Francisco alguma vez tenha aconselhado a comunidade católica a comer “o que quiser” durante o período pascal.
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Avaliação do Polígrafo: