No início da semana, a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, apresentou em conferência de imprensa na sede nacional do partido, em Lisboa, uma série de propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2025. Numa publicação feita no X, Mortágua, com base num excerto do vídeo da conferência de imprensa, afirma que, em Portugal, “os 10% mais ricos detêm 60% da riqueza nacional”. Será verdade?
Segundo a World Inequality Database (“base de dados da desigualdade mundial”, em tradução livre), em 2022 – ano mais recente na base de dados – os 10% mais ricos em Portugal concentram, em rigor, 60,1% da riqueza nacional, um valor praticamente igual ao mencionado pela coordenadora do BE.
A percentagem de 2022 é semelhante à dos anos anteriores (60,2% em 2021; 60,1% em 2020; 60,2% em 2019; 60,4% em 2018). Desde 1995, foi em 2017 que os 10% mais ricos concentraram uma maior percentagem da riqueza nacional: 60,9%. Em 1996, a percentagem era de 58,3%, o mais baixo neste período.
Por outro lado, para referência, os 50% mais pobres em Portugal detêm 3,6% da riqueza nacional, um valor que se tem mantido praticamente estável desde 2016, depois de atingir o mínimo deste período em 2013, 2,2%.
Ou seja, Mariana Mortágua tem razão: os 10% mais ricos em Portugal detêm, de facto, cerca de 60% da riqueza nacional.
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