No ano passado, começou a circular nas redes sociais a informação de que a Organização Mundial da Saúde (OMS) apelava à proibição global do consumo de carne até 2025. “A OMS acaba de aumentar a fasquia com a sua agenda globalista ‘Net Zero’, apelando a uma proibição mundial do consumo de carne e produtos lácteos pelo público em geral até 2025″, lê-se numa das publicações em causa.
É verdade?
Não. A OMS não fez tal declaração, nem o poderia fazer, uma vez que não tem capacidade de impor obrigações aos países.
“A OMS é uma assembleia que tem o compromisso de emitir recomendações, mas não a capacidade de impor obrigações”, explicou Eduardo Satué, presidente da Sociedade Espanhola de Saúde Pública e Administração da Saúde ao jornal “Maldita.es”.
De acordo com este responsável, são as autoridades nacionais de cada país que decidem sobre a aplicação das políticas da instituição. No caso da União Europeia, as políticas alimentares são reguladas através da Política Agrícola Comum (PAC) e implementadas pelos governos dos Estados-membros.
Questionada pelo “Maldita.es”, a OMS garantiu que “não exige nem recomenda” a proibição do consumo destes alimentos “até 2025 ou em qualquer prazo”.
O que deu início à tese de que a OMS se preparava para proibir o consumo de carne poderá ter sido uma intervenção de Tedros Adhanom na COP28, em que o diretor-geral da organização apelou a um consumo “mais saudável, diversificado e à base de plantas“.
“Se os sistemas alimentares proporcionassem dietas saudáveis para todos, poderíamos salvar oito milhões de vidas por ano”, salientou.
Em janeiro de 2024, um site norte-americano publicou um artigo com o seguinte título: OMS declara guerra à carne e exige a transição para dietas à base de plantas na COP28. Objetivo a atingir em 2025.”
No entanto, Tedros Adhanom não fala em carne nos cerca de dois minutos da gravação.
A alegada proibição do consumo de carne e produtos lácteos também foi associada à “agenda Net Zero”. De acordo com a Organização das Nações Unidas, os compromissos “Net Zero” têm como objetivo “reduzir as emissões de gases com efeito de estufa para o mais próximo possível de zero”. Mas não há referência à suposta exigência de deixar de consumir carne ou lacticínios.
Não é a primeira vez que este tipo de conteúdos é divulgado. Em 2015 foi noticiado que a OMS estava a proibir o consumo de carne, na sequência de um relatório que associava o consumo de carne vermelha e processada a um risco acrescido de cancro colorretal.
A organização viu-se obrigada a emitir um comunicado para explicar que o objetivo do documento não era exortar as pessoas a deixarem de consumir produtos à base de carne, mas recomendar a redução do seu consumo para mitigar o risco de cancro.
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