“Tortura de animais na JMJ?” Várias publicações no Twitter e Facebook alertam para a realização de um evento tauromáquico no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023, que decorre de 1 a 6 de agosto em Lisboa. Com a chegada de peregrinos de todos os cantos do mundo, são várias as atividades programadas, não só na capital, mas em diversas cidades e dioceses espalhadas pelo país.
Na sua página de Facebook, a Plataforma Basta de Touradas revelou ter tido conhecimento de uma “iniciativa da Câmara de Vila Viçosa que vai decorrer na praça de touros local, no dia 1 de agosto”. Garante que se “trata de um evento tauromáquico, cujo cartaz exibe o logotipo da JMJ“. A plataforma cívica anti-touradas apela à “empatia e compaixão pelos animais não podem ficar de fora da Jornada que se realiza em Lisboa” e assegura ter questionado a organização da jornada.

De facto, na página de Facebook da Câmara Municipal de Vila Viçosa está a ser anunciada uma demonstração tauromáquica. “Após o desafio lançado por um grupo de 700 jovens franceses, que irão estar em Vila Viçosa de 30 de Julho a 2 de Agosto, o Município de Vila Viçosa e a Associação Tauromáquica Bencatelense, prepararam uma pequena demonstração tauromáquica para o próximo dia 1 de Agosto”, informa-se no post.
Alega-se ainda que para os tais jovens franceses, “que têm um contacto totalmente diferente com a tauromaquia no seu país, é importante vivenciar várias experiências durante a sua estadia em Portugal”.
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Também a Associação Tauromáquica Bencatelense, que está a desenvolver o evento, garantia no Facebook, no dia 25 de julho, que estava em causa uma “colaboração com o Município de Vila Viçosa, inserido no programa JMJ 2023“.
Ao Polígrafo, fonte oficial da organização da JMJ Lisboa 2023 explica que “nem o Comité Organizador Diocesano (COD) de Évora, nem o Comité Organizador Paroquial (COP) de Vila Viçosa têm responsabilidade, nem foram envolvidos na organização da referida tourada”. Assim, informa, o evento “não consta do programa geral da JMJ daquela paróquia, nem consta da programação geral dos Dias das Dioceses, que decorrem até dia 31 de julho”.
A mesma fonte alega que a organização da JMJ “não foi consultada, nem para a organização, nem para a divulgação deste evento, nem foi pedida autorização para a utilização do logótipo“. E acrescenta: “Na realidade, desconhecíamos a realização deste evento, até circular a foto de que tivemos conhecimento a partir das redes sociais.”
No início de julho, deu entrada no Parlamento uma proposta do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) a defender que não se realizassem touradas durante a jornada. Para o partido, nota Inês Sousa Real, permitir estes eventos “não faz sentido, tendo em conta até a importância e relevância que os jovens dão hoje a temas como a proteção ambiental e animal”, mas também apoiando-se nas palavras do próprio Papa Francisco, transcritas na encíclica “Laudato Si'”, que pode consultar aqui.
De facto, a propósito da inovação biológica e da utilização de animais neste processo, Francisco defende que “é contrário à dignidade humana fazer sofrer inutilmente os animais e dispor indiscriminadamente das suas vidas“. Citação que destacada por Sousa Real e agora pela Plataforma Basta de Touradas, a propósito do anúncio deste evento tauromáquico apresentado como fazendo parte do programa do evento religioso.
Em suma, é falso, segundo fonte oficial da JMJ Lisboa 2023, que um espetáculo tauromáquico que vai decorrer em Vila Viçosa esteja integrado no programa da diocese de Évora. A organização do evento religioso garante que o logótipo está a ser utilizado inadvertidamente pela autarquia e associação tauromáquica.
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Avaliação do Polígrafo: