O primeiro jornal português
de Fact-Checking

Orçamento do Estado para 2024 inclui 11 mil milhões de euros em “despesas excecionais”?

Política
O que está em causa?
"Destes, 3 mil milhões vão para participações em empresas públicas falidas", sublinha Paulo Morais, presidente da associação Frente Cívica, em publicação no Facebook. Aliás, o valor total em "despesas excecionais" corresponde a "cerca de 10% da despesa" prevista no Orçamento do Estado para 2024. Confirma-se?

“No Orçamento do Estado (hoje aprovado) há 11 mil milhões de euros em despesas excecionais, cerca de 10% da despesa”, realça Paulo Morais, presidente da associação Frente Cívica, em publicação de 29 de novembro no Facebook.

Destes, 3 mil milhões vão para participações em empresas públicas falidas. Acrescem 5 mil milhões para créditos perdulários a entidades nocivas como a Parvalorem, o cemitério de activos tóxicos do malfadado BPN [Banco Português de Negócios], que já nos deve 5 mil milhões (irrecuperáveis)”, detalha o antigo candidato à Presidência da República.

É verdade que o Orçamento do Estado para 2024 – aprovado a 29 de novembro – inclui 11 mil milhões de euros em “despesas excecionais”?

De facto, no relatório do Orçamento do Estado para 2024, mais precisamente no Quadro 5.31, informa-se que as despesas excecionais ascendem a 10.853,9 milhões de euros, valor muito próximo do indicado por Paulo Morais.

O documento especifica que desse valor total, 8.197,9 mil milhões (75,5%) resultam de “ativos financeiros, que correspondem a participações do Estado em empresas públicas e empréstimos concedidos“, em que se incluem “ações e outras participações”, além de empréstimos a médio ou longo prazo.

“Relativamente aos encargos com ativos financeiros, destaca-se o financiamento a empresas do setor empresarial do Estado, com particular relevância para a componente de empréstimos a médio e longo prazo, bem como a cooperação internacional, decorrente da participação do Estado Português nos aumentos de capital de diversas instituições financeiras internacionais, como é o caso do Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), da Sociedade Financeira Internacional (SFI) e do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD)”, esclarece o relatório do OE2024.

A segunda maior fatia destes quase 11 mil milhões de euros é de 1.036,5 mil milhões e aplica-se às “comissões e outros encargos“.

De um total de 86 mil milhões de euros em 2015 até 114 mil milhões de euros em 2023, sublinha-se numa publicação no Facebook. Verdadeiro ou falso?

Nota ainda para o gasto de 980,5 milhões de euros no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) em que “está prevista dotação para intervenção nas áreas relevantes nos domínios da ampliação do parque habitacional público a preços acessíveis, capitalização de empresas e resiliência financeira através do Banco Português de Fomento (BPF) e o Programa Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES)”.

Nesta despesa inclui-se ainda a parcela da bonificação dos juros no valor de 269,2 milhões de euros. E ainda mais 359,7 milhões de euros alocados a subsídios e indemnizações compensatórias “atribuídos no âmbito da prossecução de objetivos de coesão social e territorial através do apoio às famílias, com a atribuição de um subsídio social de mobilidade, no âmbito dos serviços aéreos, ferroviários e rodoviários, com especial destaque para o alargamento da gratuitidade dos passes sociais para estudantes até aos 23 anos”.

_____________________________

Avaliação do Polígrafo:

Partilhe este artigo
Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn

Relacionados

Em destaque