O primeiro jornal português
de Fact-Checking

Olhos dos touros “são esfregados com vaselina” para “desfocar” visão antes das touradas?

Facebook
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Em publicação com centenas de partilhas no Facebook denuncia-se que, antes das touradas, "os olhos do touro são esfregados para desfocar a sua vista", além de lhes ser "enfiado algodão nas narinas para lhe tornar difícil a respiração", entre outras práticas supostamente tradicionais. Verificação de factos.

“Antes de uma tourada, os olhos do touro são esfregados com vaselina para desfocar a sua vista; enfiado algodão nas narinas para lhe tornar difícil a respiração e lhe é colocada uma agulha no meio dos genitais. Além disso, uma substância corrosiva é esfregada nas pernas para que ele perca o equilíbrio. Tudo isso também impede de se deitar no chão. Para o desorientar é mantido antes de enfrentar a arena em um espaço apertado e escuro por alguns dias”, denuncia-se em publicação de 2 de outubro no Facebook.

Tais alegações são verdadeiras?

Questionado pelo Polígrafo, Jorge Cid, bastonário da Ordem dos Veterinários, sublinha desde logo que provocar este tipo de lesões ao touro “seria contraproducente“, na medida em que “seria um perigo para o toureiro ou para o forcado se o touro investisse tendo dificuldades de visão“.

Os comportamentos destes animais são estudados pelo toureiros, cavaleiros e forcados, para melhor executarem a lide. Ora, se fugirem ao padrão, devido a problemas de visão ou de respiração, torna-se muito mais difícil prevê-los dentro da arena.

O objetivo é que o touro tenha uma boa condição física, sem a qual o espetáculo perderia o sentido“, assegura Jorge Cid, indicando também que “é obrigatório” que todas as corridas de touros tenham um médico veterinário responsável que assegure que o animal está em condições. “Se virem que o touro não está bem, mandam-no recolher“, garante.

No artigo 40º do Decreto-Lei n.º 89 de 2014, que aprova o Regulamento do Espetáculo Tauromáquico, estão determinados os motivos de rejeição das reses para o espetáculo. Estes incluem defeitos na visão, defeitos na locomoção, defeitos nas hastes, idade não regulamentar, peso não regulamentar, deficiente apresentação ou feridas e lesões que comprometam a sua aptidão ou desempenho para a lide.

Pelo menos em Portugal, as práticas denunciadas na publicação não são permitidas por lei, nem seriam aceites pelo médico veterinário responsável por cada corrida de touros.

______________________________

Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebookeste conteúdo é:

Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafoeste conteúdo é:

Partilhe este artigo
Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn

Relacionados

Entre a espada e a parede, Zuckerberg escolheu a defesa dos seus interesses económicos imediatos, em detrimento do papel “sem precedentes” (palavras suas durante uma sessão no congresso americano) que ...
Das entrevistas de políticos ou declarações no Parlamento até à desinformação sobre imigrantes e percepções de insegurança, passando por dúvidas sobre impostos e pensões de reforma, atentados terroristas, passes ferrroviários ...

Em destaque