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Odair Moniz “foi apanhado em flagrante a roubar um carro” no momento em que foi baleado pela PSP?

Sociedade
O que está em causa?
Desde a madrugada de segunda-feira, quando este residente do Bairro do Zambujal, em Alfragide, morreu após ser baleado por um agente da PSP quando tentava resistir à detenção, multiplicam-se nas redes sociais teorias sobre o que terá estado na base desta intervenção policial. Será que Odair Moniz “foi apanhado em flagrante a roubar um carro”?
© João Relvas/Lusa

“Este ‘jovem’ foi apanhado em flagrante a roubar um carro. Tentou fugir e atacou os polícias com uma faca, acabando baleado”, lê-se numa publicação partilhada na rede social X, exibindo imagens de Odair Moniz, homem de 43 anos que, segundo as informações divulgadas até ao momento pelas autoridades, perdeu a vida após ser baleado por um agente da PSP (Polícia de Segurança Pública), no Bairro Alto da Cova da Moura, na madrugada de segunda-feira.

Em comunicado divulgado à data dos factos, a força policial indicou que, “pelas 5h43” desse mesmo dia, procedeu à intercepção de um “suspeito” que “momentos antes se havia colocado em fuga à polícia”, com recurso a um automóvel. Já depois disso, teria “resistido à detenção” e tentado agredir os agentes “com recurso a arma branca”, o que motivou um dos agentes a recorrer à arma de fogo, acabando por atingir mortalmente o indivíduo.

Porém, em momento algum se indica que o indivíduo teria furtado o veículo onde seguia – embora seja essa a tese que se encontra agora a circular nas redes sociais. 

Será que a mesma tem qualquer fundamento?

Não. Questionado sobre se “a viatura onde o suspeito seguia era dele” ou se havia sido furtada, Luís Elias, comandante do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, começou por dizer, em conferência de imprensa, esta tarde, durante a qual fez um ponto de situação sobre os desacatos registados em Lisboa ao longo dos últimos dias, na sequência da morte de Odair Moniz: “Eu não sei onde é que foram buscar essa informação de que a viatura era furtada.”

Reforçou, de seguida, que “a viatura não era furtada, a viatura era do próprio”. Ou seja, a ação dos dois polícias no terreno deveu-se “apenas e só” a “um comportamento que pareceu suspeito aos agentes, daí a sua intervenção”.

Sérgio Soares, porta-voz desta força policial, sustentou a mesma narrativa: “A PSP já emitiu três comunicados à imprensa e em nenhum deles há qualquer referência a que a viatura era furtada. É uma ‘notícia’ que não ocorreu e que não teve origem na nossa informação.”

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Avaliação do Polígrafo:

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