A América está a arder, fustigada por aquele que já é o maior “shutdown” da sua história. O presidente Donald Trump – que ao final da tarde de hoje anunciou a suspensão temporária da paralisação dos serviços públicos americanos – quer que o orçamento a aprovar pela Câmara dos Representantes consigne uma verba de 5,7 mil milhões de dólares para a construção do muro na fronteira com o México, mas os democratas, que pom a maioria na Câmara, não aceitam.
Neste momento vale tudo para desgastar o adversário. E nesse particular os sites de “fake news” e as redes são território fértil para o conseguir. Há cerca de duas semanas, Donald Trump Foi altamente criticado por, em plena Casa Branca, ter oferecido aos jogadores e equipa técnica dos Clemson Tigers (que acabara de conquistar o campeonato universitário de futebol americano) um jantar com um cardápio pouco ortodoxo: Hamburgueres e pizzas com muita batata frita a acompanhar. As imagens chocaram o país. Na altura, Sarah Huckabee Sanders, porta-voz da Casa Branca, Trump justificou a opção com o “shutdown”, que alegadamente debilitara a organização ao nível dos recursos humanos e financeiros – ao ponto de ter sido o próprio presidente a pagar o respasto do seu bolso.
A contra-informação não se fez esperar. Poucos dias depois, o site Infowars lançou um boato segundo o qual Trump não é o único presidente americano com um fascínio pelas delícias da fast-food: supostamente, Barack Obama teria gasto 65 mil dólares em cachorros quentes para uma festa privada em 2009. E que a prova disso era um e-mail do próprio Obama a solicitar o serviço.
O site americano de fact-checking Snopes investigou o assunto e concluiu que o rumor é antigo, tendo sido o Wikileaks quem divulgou a informação em outubro de 2012, quando revelou um lote de ficheiros secretos em que constava correspondência trocada no tempo da Administração Obama. Problema: o ex-presidente não assinou qualquer e-mail com esse teor. É verdade que há uma correspondência de 14 de maio de 2009 em que Fred Burton, funcionário da Startfor, uma empresa de serviços de inteligência, escreve: “Acho que Obama gastou cerca de 65 mil dólares do dinheiro dos contribuintes para comprar pizza e cachorros quentes numa festa privada na Casa Branca.”
A partir de um e-mail que não foi assinado por Obama e a partir do qual é impossível provar que foi feita uma encomenda em seu nome, o Infowars criou uma ficção que foi partilhada milhares de vezes.
Diga-se, porém, que Obama tem efetivamente uma história que envolve fast-food: numa festa de visionamento do Super Bowl em 2009, terá servido cachorros quentes aos convidados – mas não é crível que tenha investido tanto dinheiro.
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