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“O trágico fim de Pedro Andersson!” É verdade que o jornalista foi detido, como indica publicação no Facebook?

Sociedade
O que está em causa?
Várias publicações nas redes sociais destacam que o jornalista da SIC foi detido pelas autoridades, mas também agredido por ter defendido os interesses dos consumidores. Esta "notícia" é verdadeira?

Tem circulado, nas últimas semanas, uma publicação no Facebook que anuncia “o trágico fim de Pedro Andersson” e que “as acusações” contra o jornalista “foram confirmadas”. Além disso, o post inclui uma imagem do que parece ser Pedro Andersson algemado e acompanhado por quatro polícias e um link para uma suposta notícia do jornal “Público” sobre o que terá acontecido.

Mas será que o jornalista foi mesmo detido pela autoridades?

Não. A publicação em causa não é a única que tem circulado recentemente e que visa o nome do jornalista. Numa outra – que também se serve do logótipo do “Público” – dá-se a entender que Pedro Andersson terá sido agredido por “defender os interesses” dos cidadãos. Ambos os casos são burlas, com o objetivo de estimular a interação dos utilizadores e, posteriormente, roubar os seus dados.

Em declarações ao Polígrafo, Pedro Andersson garantiu que ambos os posts são falsos. O jornalista já tinha feito uma publicação nas suas redes sociais a denunciar o sucedido: “CLARO QUE É FRAUDE E BURLA E FAKE NEWS”, escreveu. “O objetivo destas imagens e vídeos é que cliquem para saber mais. São encaminhados para entrevistas falsas e formulários. Não cliquem sequer para ver porque estarão em risco de serem burlados.”

O jornalista explicou ao Polígrafo que chegou a abrir um dos links, que mostrava uma página com uma suposta entrevista que fez à bastonária da Ordem dos Contabilistas na qual estaria a ensinar-lhe “como é que pode ganhar muito dinheiro aderindo a uma determinada plataforma que estaria ligada a criptomoedas”. 

Ou seja: além das publicações que surgem nos feeds de Facebook serem falsas, as páginas que se abrem ao interagir com elas nada têm a ver com o conteúdo inicial. No exemplo que Andersson explorou, a página apresentava “o formato do Expresso” e utilizava “fotos verdadeiras” de uma entrevista que o jornalista fez para o “Contas Poupança“, programa televisivo da SIC. “Mas todo o conteúdo escrito e a legenda da foto, os oráculos que imitam o lettering da SIC, tudo isso é falso. A foto é verdadeira, de facto aquela entrevista aconteceu, mas o conteúdo é completamente falso”, garantiu Pedro Andersson ao Polígrafo.

Em outras publicações, o link que contêm leva os utilizadores para uma notícia falsa numa página que imita o design, não do “Expresso”, mas do “Público”.

Ao Polígrafo, David Pontes, diretor do “Público”, confirmou que o jornal não publicou nenhuma das notícias que nos posts fraudulentos das redes sociais são atribuídas ao diário.

Há alguns anos que o nome de Pedro Andersson surge em várias burlas que inundam o Facebook e outras redes sociais. Em janeiro de 2024, por exemplo, o Polígrafo verificou que era falso que o Banco de Portugal tivesse processado o jornalista por declarações relacionadas com investimento em criptomoedas.

De acordo com a plataforma de deteção de Inteligência Artificial Hive Moderation, a imagem de Andersson deitado numa cama de hospital apresenta 100% de probabilidade de ter sido gerada por inteligência artificial. A imagem do jornalista com a polícia, 99,7%.

Conclui-se, portanto, que é falso que Pedro Andersson tenha sido preso e agredido como indicam vários posts no Facebook e outras redes sociais. As publicações que o anunciam são fraudulentas, com o objetivo de levar os utilizadores a interagirem e, posteriormente, roubar os seus dados.

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Avaliação do Polígrafo:

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