“A grande atuação e conquista da atriz negra Hattie McDaniel acaba de ser eliminada da história. Os ‘oprimidos’ serão os primeiros a serem abatidos pelos ‘anti-opressores’. Parabéns”, acrescenta-se da mensagem da publicação em causa.
É verdade que o filme “E Tudo o Vento Levou” (Victor Fleming, 1939) foi “eliminado definitivamente” da plataforma de streaming da HBO?
Vários órgãos de comunicação social, nacionais e internacionais, começaram por noticiar a retirada do filme, a 10 de junho, como se fosse definitiva. Nesse mesmo dia, porém, a WarnerMedia (operadora da HBO Max) esclareceu que a retirada do filme seria temporária, com o objetivo de introduzir um elemento de contextualização histórica na apresentação do filme.
Através de um comunicado, a WarnerMedia classificou o filme “E Tudo o Vento Levou” como “um produto do seu tempo” que retrata preconceitos raciais. “Estas representações racistas eram erradas naquela época e são erradas hoje. E achamos que manter este filme [disponível na plataforma] sem uma explicação e uma denúncia dessas representações seria irresponsável”, lê-se no comunicado, citado pela agência Associated Press.
De acordo com a empresa, quando “E Tudo o Vento Levou” regressar à HBO Max, irá incluir um “contexto histórico e uma denúncia dessas mesmas representações, mas será apresentado tal como foi criado, porque fazer o contrário seria o mesmo que alegar que esses preconceitos nunca existiram”.
Os protestos anti-racismo, que começaram nos Estados Unidos da América (EUA), devido à morte do cidadão afro-americano George Floyd às mãos da polícia, e se espalharam por todo o mundo, forçaram as empresas de entretenimento a analisar produções atuais e passadas.
No dia 9 de junho, o jornal norte-americano “Los Angeles Times” incluiu um artigo de opinião do argumentista norte-americano John Ridley, no qual este apelava à retirada de “E Tudo o Vento Levou” da HBO Max, alegando que o filme “glorifica” a escravatura durante a Guerra Civil dos EUA. “Ignora os seus horrores e perpetua os estereótipos mais dolorosos das pessoas de cor”, escreveu.
Vencedor de oito Oscars, incluindo o de “Melhor Atriz Secundária” para Hattie McDaniel (que se tornou na primeira mulher negra a ser nomeada e a ganhar uma estatueta dourada) , “E Tudo o Vento Levou” continua a ser o filme mais rentável de sempre (ajustando à inflação). Quando a atriz Hattie McDaniel ganhou o Oscar pela interpretação de uma escrava, teve de sentar-se na cerimónia separada do restante elenco do filme, devido às leis de segregação racial.
Entretanto, o jornal “USA Today” noticiou hoje que o filme vai mesmo ser reposto em breve no catálogo da HBO Max, com uma introdução de contexto histórico por Jacqueline Stewart, afro-americana, professora do Departamento de Cinema e Estudos de Media na Universidade de Chicago, EUA.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
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