Na perspetiva do autor da publicação no Facebook, o novo coronavírus está "ligado à Inteligência Artificial" e "preparado para ser ativado" pela rede 5G, "razão pela qual a sua mortalidade foi extrema onde lançaram a experiência, Itália e China".

"O 5G em conjunto com o vírus provoca asfixia por falta de oxigénio, efeitos produzidos pelas frequências 5Gb em conjunto com o 'vírus'. O próximo passo seria generalizar o vírus, através da vacinação… Não acordem a tempo não… Para quem governa o mundo e também governa os 'governos' nacionais", acrescenta-se na mensagem, remetendo depois para um vídeo explicativo de teoria de conspiração no YouTube.

Estas alegações têm algum fundamento ou validade científica?

Não. Tal como o Polígrafo já sublinhou em vários artigos recentes (pode consultar aqui ou aqui, entre outros exemplos), não se confirma que o novo coronavírus tenha sido criado artificialmente em laboratório, ao contrário do que alegam múltiplas teorias de conspiração que circulam nas redes sociais. No dia 17 de março de 2020, aliás, foi publicado um estudo científico que demonstra a origem natural do SARS-CoV-2, o novo coronavírus que provocou a pandemia de Covid-19 à escala global.

"As nossas análises demonstram claramente que o SARS-CoV-2 não é uma construção em laboratório nem um vírus propositadamente manipulado", garantem os autores do estudo.

Quanto à suposta ligação com a rede 5G, também não tem sustentação factual. Esta teoria de conspiração já foi refutada por vários cientistas, tais como Simon Clarke, professor de microbiologia celular na Universidade de Reading, Reino Unido, que em declarações à BBC garantiu que a rede 5G ou as ondas de rádio e electromagnéticas não afetam o sistema imunitário dos humanos (outra variante muito propalada desta teoria de conspiração).

"A presente epidemia é causada por um vírus que é transmitido de uma pessoa infetada para outra. Nós sabemos que isto é verdade. Nós até temos o vírus a crescer no nosso laboratório, obtido a partir de uma pessoa com a doença. Os vírus e as ondas electromagnéticas que fazem funcionar os telemóveis e as ligações à Internet são coisas diferentes. Tão diferentes quanto giz e queijo", explicou Simon Clarke.

Não obstante, algumas estações da rede 5G em postes telefónicos têm sido destruídas no Reino Unido. As autoridades indicam que esses ataques são motivados pelas teorias de conspiração em torno da tecnologia 5G que circulam nas redes sociais. Aliás, o mayor de Liverpool, Joe Anderson, revelou ter recebido ameaças por causa da instalação da rede 5G na cidade.

Embora ainda careça de estudos mais aprofundados sobre potenciais efeitos a médio/longo prazo, de acordo com o presente conhecimento científico sobre a tecnologia 5G, esta não prejudica a saúde dos humanos. Há vários estudos já realizados que apontam nesse sentido.

_______________________________

Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebookeste conteúdo é:

Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações "Falso" ou "Maioritariamente falso" nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafoeste conteúdo é:

Assine a Pinóquio

Fique a par dos nossos fact checks mais lidos com a newsletter semanal do Polígrafo.
Subscrever

Receba os nossos alertas

Subscreva as notificações do Polígrafo e receba os nossos fact checks no momento!

Em nome da verdade

Siga o Polígrafo nas redes sociais. Pesquise #jornalpoligrafo para encontrar as nossas publicações.