Na sequência da polémica vídeo-arbitragem do jogo de futebol entre o Futebol Clube do Porto e o Sport Lisboa e Benfica, a 22 de janeiro, em Braga, para as meias-finais da Taça da Liga, começou a ser difundida uma imagem nas redes sociais do árbitro Fábio Veríssimo “quando fazia parte da equipa de advogados que defendia o Porto no ‘Apito Dourado’”. Vários leitores do Polígrafo pediram para verificar se a imagem e a informação veiculada são (ou não) verdadeiras.
O rosto assinalado na imagem com um círculo amarelo é o de um árbitro, de facto, mas não se trata de Fábio Veríssimo. É o ex-árbitro (e atual vídeo-árbitro) Luís Ferreira que, no âmbito do processo originário do “Apito Dourado”, no Tribunal de Gondomar, representou um dos arguidos: o também árbitro José Manuel Rodrigues e não o Futebol Clube do Porto, nem qualquer dirigente desse clube. Naquela altura, meados de 2008, Luís Ferreira exercia a profissão de advogado, ao mesmo tempo que já era árbitro de futebol, em divisões inferiores. Só na época de 2012/2013 é que seria promovido à categoria principal, arbitrando jogos da Primeira Liga de Futebol.
Aliás, Luís Ferreira nem sequer era o advogado principal de José Manuel Rodrigues, mas trabalhava como assistente do advogado Isolino Loureiro. O então árbitro José Manuel Rodrigues estava acusado de dois crimes de corrupção desportiva, mas acabou por ser absolvido. Luís Ferreira prosseguiu essas duas atividades paralelas de árbitro e advogado ao longo da última década. No ano passado decidiu cessar a carreira de árbitro, mas tornou-se vídeo-árbitro, tendo já participado em 16 jogos da Primeira Liga na presente temporada.
A imagem que associa Fábio Veríssimo ao processo “Apito Dourado” começou a circular nas redes sociais logo a seguir ao jogo em causa. Mas o facto é que se trata da imagem de outra pessoa.
Fábio Veríssimo tem estado no centro das atenções (no plano futebolístico) durante esta semana por causa do referido jogo entre o Futebol Clube do Porto e o Sport Lisboa e Benfica, que culminou em vitória dos portistas por 3-1, com algumas decisões controversas de arbitragem e vídeo-arbitragem pelo meio (que não entram no perímetro do fact-checking, apesar de alguns pedidos também nesse sentido). No final do jogo, o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, criticou duramente a atuação do vídeo-árbitro Fábio Veríssimo, ao ponto de dizer que “esse homem não pode apitar mais”.
“O que se passou hoje é algo que nos deixa bastante preocupados. Debaixo desta nuvem de fumo, de emails, de Mala Ciao, quero dizer-vos que quando assistimos a um homem que está com câmaras de televisões à frente, que é árbitro, que não consegue distinguir numa televisão se é fora de jogo ou não, se há falta ou não no primeiro golo, esse homem não pode apitar mais. E tem a lata de anular o primeiro golo ao Benfica. Felizmente o árbitro teve a coragem de o validar”, afirmou Vieira. No dia seguinte, o próprio Fábio Veríssimo pediu dispensa por tempo indeterminado da sua atividade de vídeo-árbitro.
A imagem que associa Fábio Veríssimo ao processo “Apito Dourado” começou a circular nas redes sociais logo a seguir ao jogo em causa. Mas o facto é que se trata da imagem de outra pessoa, o atual vídeo-árbitro Luís Ferreira. Quanto a Fábio Veríssimo, nunca exerceu advocacia e, aliás, de acordo com o seu currículo mais recente, ainda é estudante. A imagem é verdadeira, mas toda a informação veiculada na mensagem é absolutamente falsa.
Avaliação do Polígrafo: