Enquanto se discutem os problemas de acesso a urgências de Obstetrícia e Ginecologia em vários pontos do país, numa publicação de 13 de agosto no Facebook aponta-se para um pretenso “mistério médico” em torno dessa especialidade no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Na forma de um indicador estatístico: o número de obstetras por cada 1.000 nascimentos em Portugal.
“Mistério médico. Em 2000 havia 11 obstetras por 1.000 nascimentos e agora há 24 por 1.000, com as urgências pediátricas sempre a fechar”, destaca-se no post em causa, que motivou vários pedidos de verificação de factos.
Os números indicados estão corretos?
É verdade que, em 2000, registavam-se 11,1 médicos ginecologistas e obstetras em atividade por cada 1.000 nascimentos ocorridos nesse ano. Em 2019 já eram 21,4 médicos ginecologistas e obstetras por cada 1.000 nascimentos, quase o dobro.
Entretanto, de acordo com as séries estatísticas anuais disponibilizadas pela Ordem dos Médicos, em 2023 contavam-se 1.910 médicos especialistas em Ginecologia-Obstetrícia. Na medida em que nasceram com vida 85.699 bebés de mães residentes em Portugal nesse ano, a proporção é de cerca de 22,3 médicos ginecologistas e obstetras por cada 1.000 nascimentos.
Em conclusão, o post falha em alguns detalhes e imprecisões: não são apenas médicos obstetras, mas também ginecologistas; não são 24 mas 22,3 por cada 1.000 nascimentos, de acordo com os últimos dados referentes a 2023; e esses 1.910 médicos em atividade não trabalham todos no SNS, muitos estão no setor privado.
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