"O sistema de reconhecimento facial chinês consegue encontrar uma pessoa, na China continental, num tempo médio de três segundos. O Estado de Nova Iorque está em negociações para comprá-lo", garante-se num post de 8 de agosto no Facebook, enviado ao Polígrafo com pedidos de verificação de factos.

Na publicação apresenta-se também uma imagem que supostamente ilustra o sistema de reconhecimento facial, com os rostos de vários indivíduos assinalados por esferas verdes e números de identificação.

Esta história tem algum fundamento?

É certo que o sistema de reconhecimento facial existe. Em 2017, um artigo do "South China Morning Post" (jornal em língua inglesa de Hong Kong) dava a conhecer este novo projeto adjetivado como "o mais poderoso sistema de reconhecimento facial" que tinha a capacidade de identificar qualquer pessoa na China em apenas três segundos.

À data, o objetivo era que o sistema fosse "capaz de associar o rosto de alguém à fotografia do documento de identidade com cerca de 90% de precisão".

O projeto foi lançado pelo Ministério de Segurança Pública em 2015 e desenvolvido pela Yitu Technologies, empresa de segurança com sede em Shanghai, China.

A plataforma criada pela Yitu Technologies denomina-se como "Dragonfly Eye System" e é capaz de identificar um indivíduo - através de uma base de dados referentes a 2 mil milhões de pessoas - em breves segundos, segundo descreve a CNBC, estação de televisão norte-americana.

Em 2019, a CNBC informou que a referida empresa chinesa estava avaliada em cerca de 2 mil milhões de dólares norte-americanos. No dia 20 novembro de 2020, esse valor tinha já escalado para 3,5 mil milhões.

O sistema está em operação na China e foi ganhando dezenas de investidores ao longo dos anos, mas será que está em vias de ser comprado pelo Estado norte-americano de Nova Iorque?

Não há registo de qualquer notícia ou informação fidedigna sobre essa suposta compra (ou sequer negociação).

Importa porém salientar que, em janeiro de 2021, a Amnistia Internacional lançou uma "campanha global para banir a utilização de sistemas de reconhecimento facial, uma forma de vigilância em massa que aumenta o policiamento racista e ameaça o direito ao protesto".

Essa campanha teve início precisamente na cidade de Nova Iorque, EUA. "Os sistemas de reconhecimento facial são uma forma de vigilância em massa que violam o direito à privacidade e ameaçam os direitos à liberdade de reunião e expressão pacíficas", alerta-se em nota publicada no site da Amnistia Internacional.

  • Rússia e China uniram-se para criar "nova moeda de reserva global" baseada em "minerais de terras-raras", alerta-se no TikTok

    O vídeo tem origem no TikTok e está a ser partilhado viralmente, saltando para outras redes sociais como o Facebook. Anuncia a gestação de uma "Nova Ordem Mundial" através de um "ponto de viragem na História" que ainda assim "quase não teve cobertura" pelos meios de comunicação social. A saber, uma aliança formada entre a Rússia e a China para criar uma "nova moeda de reserva global" - em substituição do dólar norte-americano - baseada em "minerais de terras-raras". Há algum fundamento nesta história?

A polícia de Nova Iorque já utiliza sistemas de reconhecimento facial, tal como denuncia a Amnistia Internacional, revelando os vários pontos da cidade onde existem câmeras de videovigilância em operação.

No entanto, não há qualquer informação pública que aponte no sentido de esses sistemas terem origem na China. Ou que esteja em curso uma qualquer negociação para adquirir o referido sistema da Yitu Technologies.

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