No dia 4 de abril foi divulgado o ranking anual das escolas portuguesas e a tendência manteve-se: o Norte continua a liderar, com três colégios nas primeiras posições e outras 40 escolas no “top 100”.
De acordo com o “Observador“, além das médias é também no Norte que se encontram as escolas que mais impulsionaram alunos com dificuldades socio.económicas. No topo desta lista surge a Escola Secundária de Monção, onde o desempenho dos alunos foi 25,15% acima do esperado. Esta escola, que ocupa o 116.º lugar no ranking tradicional, tem 23% dos alunos apoiados pelo Estado, dos quais 95% concluíram o ensino secundário nos três anos esperados.
Numa publicação no X/Twitter destacou-se que as “escolas com melhores médias estão no Norte”, apesar de esta ter sido historicamente considerada “a região mais pobre da Europa Ocidental”.
Vários artigos nos últimos anos apontaram o Norte de Portugal como uma das regiões mais pobres da Europa. Em 2013, o “Jornal de Negócios“ noticiou que Portugal tinha três regiões entre as mais pobres da UE, com o Norte no topo. Em 2017, o mesmo jornal avançou que o Norte era a região portuguesa mais pobre em relação à média da União Europeia, registando um PIB per capita 35% inferior.
Mas será que continua a ser a mais pobre?
A resposta é não. Apesar de o Norte continuar abaixo da média europeia, a região mais pobre de Portugal e da Europa Ocidental é atualmente a Península de Setúbal.
Segundo o relatório da OCDE “Repensar a Atratividade Regional da Região Norte de Portugal“, apesar de possuir uma economia diversificada, o Norte tem uma das mais baixas taxas de produção e produtividade do país. Em 2020, registou o PIB per capita mais baixo de Portugal e o segundo Valor Acrescentado Bruto (VAB) mais baixo.
Contudo, a introdução da nova Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos (NUTS 2024) trouxe mudanças significativas. A Área Metropolitana de Lisboa foi dividida em duas novas regiões: Grande Lisboa e Península de Setúbal. Esta redefinição permitiu uma análise mais detalhada das desigualdades económicas e revelou que a Península de Setúbal é agora a região com o PIB per capita mais baixo do país (67,5% da média da UE).
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), a maior discrepância observa-se entre a Grande Lisboa, que tem o PIB per capita mais alto do país (31 618 euros), e a Península de Setúbal, com o mais baixo (14 714 euros). A Península de Setúbal, que representa 7,8% da população residente, gera apenas 5,5% do PIB nacional e tem um dos menores pesos de emprego em relação à sua população total (32,5%, contra 59,7% na Grande Lisboa).
Segundo este instituto, a Península de Setúbal, apesar de representar 7,8% da população residente, contribui com apenas 5,5% do PIB nacional. Além disso, é uma das regiões com menor taxa de emprego em relação à sua população total, com apenas 32,5% da população empregada, em contraste com os 59,7% da Grande Lisboa.
Esta disparidade deve-se ao facto de grande parte dos residentes da Península de Setúbal trabalharem na Grande Lisboa, onde obtêm a maior parte dos seus rendimentos, especialmente através de remunerações, o que acaba por contribuir para o PIB desta última região.
Com esta alteração, também a região de Oeste e Vale do Tejo registou um PIB per capita inferior ao da região Norte.
Por fim, ao comparar estes dados com os do Eurostat, confirma-se que a Península de Setúbal é agora a região mais pobre da Europa Ocidental, ultrapassando a do Norte de Portugal.
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