A 3 de fevereiro deste ano, Robert Prevost estava longe de saber que, dali a três meses, seria o novo supra sumo da Igreja Católica. Nesse dia, o norte-americano recorreu ao X para “comentar”, através da partilha de um artigo da “National Catholic Reporter”, declarações de JD Vance, vice-presidente dos Estados Unidos, durante uma entrevista à Fox News a 29 de janeiro: “Há um conceito cristão em que se ama a família, depois o próximo, depois a comunidade, depois os concidadãos e, depois disso, prioriza-se o resto do mundo. Muita da extrema-esquerda inverteu isto completamente.”
O artigo partilhado por Leão XIV pede que se tenha cuidado com este conceito: “Quase tudo pode ser encontrado nas Escrituras se procurarmos bem — histórias de guerra, opressão, milagres e amor. A Bíblia não é um manual rígido, mas um testemunho vivo das lutas humanas com o divino. O argumento de Vance ecoa um conceito medieval conhecido como ordo amoris — a ordem da caridade, muitas vezes atribuída a S. Tomás de Aquino. A ideia é que o amor deve ser classificado, que uma pessoa priorize corretamente os seus afetos, com a família no topo. De certa forma, parece prático, até razoável. Mas o problema com esta hierarquia é que ela alimenta o mito de que algumas pessoas merecem mais os nossos cuidados do que outras. É uma estrutura que faz sentido num mundo governado pela escassez e pelo medo, onde a proteção vem às custas dos outros. Mas Jesus nunca fala do amor como algo a ser racionado. Ele fala do amor como abundância — uma mesa onde há o suficiente para todos.”
Esta partilha já está a ser interpretada por vários como um posicionamento político: “O Catolicismo agora é woke”; “Isto é mau… muito mau”, lê-se em alguns comentários ao “tweet”.
A última partilha de Prevost no X também é polémica: trata-se de um “retweet” a uma crítica direta a Donald Trump. “Enquanto Trump e Bukele usam a sala Oval para a deportação ilícita de um residente americano pelo Governo federal, o Bispo Evelio Menjivar-Ayala, da Diocese de Washington, pergunta: ‘Não vê o sofrimento? A sua consciência não está perturbada? Como consegue ficar quieto?'”
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