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Nível de escolaridade da população dos países da Europa de Leste é muito superior à de Portugal?

Sociedade
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
O economista Ricardo Paes Mamede apresenta dados estatísticos que apontam nesse sentido, referentes à população entre 25 e 64 anos de idade que tem pelo menos o ensino secundário completo. Portugal destaca-se (pela negativa) na cauda da Europa, em contraste com os países da Europa de Leste que fizeram parte integrante da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) ou do Pacto de Varsóvia. Esses dados estão corretos?

“Não há hoje discurso à direita sobre a economia nacional que não compare o desempenho de Portugal com o dos países do Leste europeu. O que não ouço tanto é a justificação para esse contraste. É normal: ainda vão descobrir que a aposta nas qualificações, que vem de outros tempos, faz toda a diferença. Imaginem só o Iniciativa Liberal a assumir que o sucesso dos países de Leste é culpa dos regimes comunistas”, escreveu ontem Ricardo Paes Mamede em publicação no Facebook.

O economista partilhou um mapa com dados referentes à população entre 25 e 64 anos de idade que tem pelo menos o ensino secundário completo. Portugal destaca-se (pela negativa) na cauda da Europa, em contraste com os países da Europa de Leste que fizeram parte integrante da URSS ou do Pacto de Varsóvia.

O mapa em causa foi replicado a partir da página “O Estado da Nação em Números“, produzida pelo CoLABOR – Laboratório Colaborativo para o Trabalho, Emprego e Proteção Social. Ainda assim, este post foi denunciado como sendo falso ou enganador.

Para esclarecer as dúvidas sobre o rigor de tais números, o Polígrafo consultou uma fonte primária: a base de dados do Eurostat, gabinete de estatísticas da União Europeia.

Ora, no que respeita à percentagem da população entre os 25 e 64 anos de idade com pelo menos o ensino secundário completo, Portugal queda-se mesmo na última posição entre os Estados-membros da União Europeia, com apenas 55,4%. Estes são os dados mais recentes, do ano de 2020.

Os países mais próximos de Portugal, na cauda da Europa, são Malta (57,6%), Itália (62,9%) e Espanha (62,9%).

No topo da tabela, com percentagens superiores a 90%, sobressaem a Lituânia (95,4%), a República Checa (94,1%), a Polónia (93,2%), a Eslováquia (92,7%), a Letónia (91,7%), a Finlândia (91,1%), a Estónia (90,7%) e a Eslovénia (90,2%).

Ou seja, países ou territórios que faziam parte da URSS ou do Pacto de Varsóvia, excepto a Finlândia e a Eslovénia (neste último caso, um antigo membro da Jugoslávia, outra república socialista mas não alinhada com o Pacto de Varsóvia).

Concluindo, os dados estão corretos. Sim, confirma-se que o nível de escolaridade da população (entre os 25 e 64 anos de idade) dos países da Europa de Leste é muito superior à de Portugal.

Em alguns casos, a percentagem da população com pelo menos o ensino secundário completo é quase o dobro em comparação com a de Portugal. Essa diferença substancial, porém, começa a esbater-se nas gerações mais jovens, nascidas após a queda do Muro de Berlim e a dissolução da URSS.

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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:

Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:

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