Uma publicação que soma já mais de 3,4 mil partilhas, divulgada a 9 de agosto no Facebook, expõe a alegada história da atleta de pista mais premiada de sempre. Allyson Felix tem 35 anos e arrecadou a sua 10.ª medalha olímpica em Tóquio, mas não foi só esse feito que cativou os internautas.
“Quando Allyson Felix engravidou, a Nike ofereceu-lhe 70% a menos no contrato, devido à gravidez. Depois de ouvir um ‘conheça o seu lugar e apenas corra’, Felix largou a Nike e criou a sua própria marca de ténis para atletas como ela: ‘Saysh'”, lê-se na descrição do post, que acompanha uma fotografia de Felix.
Mas a suposta história não acaba aí: “Depois, Allyson Felix partilhou uma imagem ‘poderosa’ (em 2018). A preto e branco, a atleta olímpica aparece com as nove medalhas olímpicas que tinha até ao momento. Mas um olhar mais atento revela uma cicatriz no abdómen da atleta. É a cicatriz da cesariana do parto de emergência de sua filha, Camryn, agora com dois anos.”
A história foi contada em primeira mão num artigo publicado no jornal americano The New York Times, a 22 de maio de 2019, assinado por Felix e com o título: “Allyson Felix: A minha história de gravidez com a Nike.” Num relato não muito longo, a atleta olímpica começa por deixar em aberto uma questão: se, mesmo sendo uma das “atletas mais divulgadas da Nike”, não consegue garantir proteção de maternidade, quem poderá fazê-lo?
“Durante a maior parte da minha vida estive focada numa coisa: em ganhar medalhas. E eu era boa nisso. Aos 32 anos, fui uma das atletas mais condecoradas da história: seis vezes vencedora da medalha de ouro olímpica e 11 vezes campeã mundial. Mas, no ano passado, o meu foco expandiu-se: eu queria ser atleta profissional e mãe”, escreve Felix no artigo em causa.
Assim foi. A velocista decidiu começar uma família em 2018, ainda que consciente das possíveis consequências da gravidez na indústria do desporto. “Foi um momento terrível para mim porque estava precisamente a negociar a renovação do meu contrato com a Nike, que tinha terminado em dezembro de 2017”, conta.
As negociações associadas a esta renovação do contrato, no entanto, trouxeram novidades para Felix: “Apesar de todas as minhas vitórias, a Nike queria pagar-me 70% menos do que antes.” Por não estar “disposta a aceitar o status quo duradouro em torno da maternidade”, a atleta pediu à Nike que garantisse contratualmente que esta não seria punida se não tivesse o seu melhor desempenho nos meses que antecederiam o parto. O pedido foi recusado e, desde então, Felix não voltou a assinar com a marca.
Pouco tempo depois, Felix integrou a Athleta, numa parceria dedicada à filha e a “todas as raparigas que sonham”. Já durante este ano, a 23 de junho, Felix anunciou a fundação da sua própria marca de calçado e roupas, “Saysh”, mas não sem antes ver a Nike alterar a sua política de maternidade para todas as atletas patrocinadas pela marca.
Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, este ano, Allyson Felix só precisou de uma terceira posição na final dos 400 metros para se tornar na atleta mais premiada de pista. Depois disso, Felix partilhou na sua conta pessoal de Instagram uma fotografia sua, onde é visível a cicatriz no abdómen, resultado da gravidez, com a seguinte descrição: “Eu conheço o meu lugar. E está nos meus ténis.”
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é: