A Venezuela foi a eleições no dia 28 de julho deste ano e desde então o país vive um caos político. As votações para eleger o presidente do país deram a vitória a Nicolás Maduro, no poder desde 2013, com 51,2% dos votos. O candidato da oposição Edmundo González Urrutia conseguiu 44,2% dos votos. De salientar que a autoridade eleitoral da Venezuela é controlada pelo governo do país e um atraso de seis horas na divulgação dos resultados finais levou a oposição de Maduro a afirmar que as votações foram manipuladas.
Neste contexto, o Ministério Público endereçou um mandato para a detenção de Edmundo González Urrutia depois deste não comparecer para prestar declarações, o que levou o opositor a pedir asilo político a Espanha. E, no meio deste caos político, o presidente reeleito surge surge em vídeo a antecipar a celebração do Natal para o primeiro dia de outubro. O anúncio pode ser encontrado no Facebook, no Instagram ou no X.
Na rede social X, a publicação é acompanhada pela seguinte descrição: “Nicolás Maduro decreta Natal antecipado na Venezuela para 1º de outubro.” O tweet é composto também pelo vídeo onde o presidente faz a aparente declaração.
Mas serão as declarações de Maduro verídicas?
Sim. O presidente da Venezuela antecipou o Natal no país, justificando a mudança como uma “homenagem ao povo”. “Estamos em setembro e já cheira a Natal, cheira a Natal. E é por isso que este ano, como forma de vos homenagear, e em agradecimento a todos, vou decretar um Natal antecipado para 1 de outubro”, referiu Nicolás Maduro no seu programa Con Maduro+.
Contudo, esta não é a primeira vez que Maduro muda a data da celebração. Em 2020, durante a pandemia de Covid-19, o presidente decretou o Natal a 15 de outubro, e no ano seguinte através das redes sociais, para o dia quatro de outubro. Este ano, no entanto, supera os anos anteriores.
De acordo com o jornal “O Globo”, a alteração da data do Natal é vista como uma estratégia usada pelo presidente para desviar a atenção dos principais problemas que afetam o país. Em 2020, serviu para abafar as lacunas causadas pela pandemia. E este ano, para desviar o olhar dos venezuelanos da pressão internacional que contesta os resultados eleitorais. Por exemplo, a União Europeia (UE) rejeitou em agiosto a legitimidade dos resultados das eleições presidenciais.
Além disso, segundo o jornal espanhol “El País”, a antecipação do Natal faz com que os chamados Comités Locais de Abastecimento e Produção (CLAP) fortaleçam a destruição de bens alimentares. “Durante as semanas que antecedem as férias de dezembro, o Governo chavista costuma intensificar a distribuição de ajudas e de alimentos pelos bairros”, lê-se no jornal espanhol que acrescenta que esta é também uma forma de combater a elevada inflação registada no país.
Desta forma, o vídeo em que Maduro afirma a antecipação do Natal é verdadeiro. A antecipação da celebração tem sido recorrente no governo de Nicolás Maduro.
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Este artigo foi desenvolvido pelo Polígrafo no âmbito do projeto “Geração V – em nome da Verdade”, uma rede nacional de jovens fact-checkers. O projeto foi concretizado em parceria com a Fundação Porticus, que o financia. Os dados, informações ou pontos de vista expressos neste âmbito, são da responsabilidade dos autores, pessoas entrevistadas, editores e do próprio Polígrafo enquanto coordenador do projeto.
*Texto editado por Marta Ferreira.
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