“Há um enorme risco de o PSD ter o pior resultado da sua História, de longe, e isso resultar não em voto que vai para o PS ou para o CDS, portanto, a normal flutuação de votos, mas numa balcanização da direita, com votos a irem para coisas extraordinárias como o voto de protesto no PAN, ou no Aliança”, afirmou o comentador e ativista Daniel Oliveira no programa de comentário político “Eixo do Mal”, transmitido na madrugada de 30 de dezembro, na SIC Notícias.
Pedro Marques Lopes e Clara Ferreira Alves, outros dois participantes, interromperam então Oliveira, lançando dúvidas sobre a transferência de votos do PSD para o PAN. Mas Oliveira insistiu na sua tese, sublinhando que “é isso que dizem as sondagens”. Marques Lopes não ficou convencido e Oliveira reforçou a ideia, declarando: “Neste momento as sondagens dão o PSD abaixo dos 20%, abaixo dos 20%!”
Ora, a sondagem mais recente que é conhecida foi realizada pela Aximage, entre os dias 7 e 11 de dezembro, para o jornal “Correio da Manhã”. Divulgada no dia 23 de dezembro, colocou o PS na liderança das intenções de voto, com 37% dos inquiridos, seguido pelo PSD, com 24,7%. Acima de 20%, não abaixo.
A mais recente da Eurosondagem para o jornal “Expresso” foi realizada entre os dias 7 a 14 de novembro. Divulgada no dia 16 de novembro, essa sondagem também colocou o PS na liderança das intenções de voto, com 41,8% dos inquiridos, seguido pelo PSD, com 26,8%. Acima de 20%, não abaixo.
Na página da Marktest é possível aceder a um arquivo das sondagens realizadas em Portugal (pela Aximage, Eurosondagem, CESOP/Universidade Católica, entre outras) desde meados de 2009. Consultando-o verifica-se que o PSD nunca se aproximou sequer dos 20% de intenções de voto em sondagens desde que o atual Governo do PS tomou posse, em novembro de 2015. Desde dezembro de 2015, as intenções de voto no PSD variaram entre um máximo de 37% em janeiro de 2016 (Aximage) e um mínimo de 23,6% em agosto de 2017 (Aximage).
Em suma, a afirmação de Oliveira é falsa, claramente desmentida pelos números de todas as sondagens divulgadas em Portugal entre dezembro de 2015 e dezembro de 2018.
O comentador poderá, eventualmente, ter sido induzido em erro por um artigo publicado no jornal “Expresso” de 17 de novembro, no qual se descreve o receio – por parte de Rui Rio – de que o PSD caia significativamente nas próximas eleições legislativas, na senda dos resultados que obteve em Lisboa e Porto nas autárquicas de 2017. “Onze e dez por cento – foi o resultado do PSD nas últimas autárquicas nas duas principais câmaras do país: Lisboa e Porto. E é para esse nível eleitoral que o PSD poderá cair nas próximas eleições legislativas, conforme avisou Rui Rio na quarta-feira à noite, numa reunião com militantes do partido em Lisboa. É o risco que o PSD corre, alertou Rio, caso continue o clima de guerrilha interna que tem marcado os primeiros dez meses desta liderança”, informou então o “Expresso”, que destacou ainda o momento em que, para ilustrar a dimensão da tragédia que pode esperar o partido caso persista a turbulência interna, Rio afirmou que “o risco é o PSD cair para um resultado bem abaixo dos 20%, ‘à escala’ do que aconteceu no ano passado em Lisboa e no Porto”.
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