- O que está em causa?Em publicação partilhada nas redes sociais é colocada em causa a existência de registos sobre "efeitos adversos" à vacinação. O autor do "post" questiona se existe algum cidadão que esteja registado na Direção-Geral da Saúde devido a efeitos secundários resultantes da administração das quatro vacinas contra o novo coronavírus. Tem razão?
"Alguém sabe de um, apenas um cidadão que esteja registado como tendo efeitos adversos à vacina na DGS?", questiona-se numa publicação nas redes sociais, datada de 1 de junho.
O utilizador desafia ainda outros internautas a apontarem efeitos secundários das vacinas contra o novo coronavírus que tenham sido registados pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
Verificação de factos.
Apesar das dúvidas apontadas pelo autor da publicação, na realidade já foram reportados milhares de efeitos adversos ao Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed). O Portal de Notificação de Reações Adversas (RAM) é um sistema de notificações a nível nacional que possibilita que os profissionais de saúde e utentes possam comunicar ao Infarmed casos de efeitos secundários de um determinado medicamento.
Esta ferramenta assegura uma constante monitorização da segurança e da avaliação do risco/benefício de fármacos. No entanto, uma vez que os efeitos adversos podem ser comunicados por qualquer pessoa, não há uma relação comprovada de causa/efeito.
De acordo com o último "Relatório vacinas contra a Covid-19 - Reações Adversas (RAM) em Portugal", do Infarmed, emitido no dia 4 de junho de 2021, foram registadas 6.695 notificações até ao dia 30 de maio, sendo que 4.782 dos efeitos adversos relatados correspondiam à administração da vacina da Pfizer/BioNTech, 1.509 à vacina da AstraZeneca, 387 à vacina da Moderna, e 17 à da Janssen. Sublinhe-se que até dia 30 de maio já se tinham administrado 5.790.080 doses.
Tendo em atenção que quase quatro milhões das doses administradas em Portugal foram da vacina da Pfizer/BioNTech, até ao dia 30 de maio, a maior parte dos casos de efeitos secundários estão relacionados com essa vacina em específico.
De acordo com o mesmo relatório, cerca de 90% dos casos classificados como graves são atribuídos a incapacidades maioritariamente temporárias, internamentos (ou prolongamento destes), risco de vida ou morte.
As mortes que foram notificadas ocorreram em cidadãos com uma mediana de idades de 81 anos, que os autores do documento referem não pressupor necessariamente "a existência de uma relação causal com a vacina administrada, uma vez que podem também decorrer dos padrões normais de morbilidade e mortalidade da população portuguesa".
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações "Falso" ou "Maioritariamente Falso" nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é: