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Music-Check. O guitarrista Slash recusou os Poison por ter de usar maquilhagem?

Música
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
O guitarrista esteve quase, quase a integrar a banda, apesar da reconhecida ausência de afinidades. Se tal acontecesse, os Guns N’ Roses poderiam não ter tido o êxito registado no final dos anos 1980/inícios dos anos 1990 e a sua sonoridade teria sido algo completamente distinto - e a dos Poison também

O processo não podia estar a correr melhor e as probabilidade de Slash se tornar no próximo guitarrista da banda glam rock Poison eram muito consistentes: a decisão estava já limitada a si e a apenas um competidor. Mas se talento não lhe faltava, aquele que seria o guitarrista dos Guns N’ Roses – e uma peça fundamental na imagem, atitude e som da banda – parecia não encaixar na estética – e claramente na forma de estar – dos Poison.

Numa conversa com o também guitarrista Leslie West, fundador da banda hard rock Mountain, para a comunidade Music Aficionado, composta por entusiastas da música – seja qual for o género – Slash conta a sua versão da história: “A um dado momento este tipo, o Matt [Smith] – ele era o guitarrista original dos Poison, uma banda com a qual não tinha qualquer afinidade – ligou-me a dizer que estava de saída da banda e que iria regressar à Pensilvânia. Eles precisavam de um novo guitarrista.” Slash pensou na proposta e decidiu ir em frente. “Pus o orgulho de parte e avancei. Pelo menos iria tocar ao vivo – eles eram a maior banda na [Hollywood] Strip [em Los Angeles]. Aprendi 4 músicas deles e fui tocá-las.” Correu bem. Muito bem até. Mas a diferença de pontos de vista era tal que Slash percebeu, desde logo, que muito dificilmente integraria a banda. “Tínhamos uma clara diferença de opinião sobre o que a banda deveria ser – questões de imagem, de como nos vestir. Percebi que não haveria ligação. Perguntaram-me se eu estava a pensar usar calças de ganga com uma t-shirt em palco e eu respondi ‘Yeah!’.”

Ao abandonar o espaço onde fora comprovar o seu talento, viu outro guitarrista a entrar. Era C.C. DeVille e a indumentária era, recorda, “perfeita. Tinha maquilhagem, o cabelo todo arranjado – eu sabia que ele era o homem certo na banda certa.” As suspeitas de Slash foram, mais tarde, confirmadas com um telefonema.“Se tivesse ficado não teria durado muito. Eu não era o mais adequado para eles.” Slash não iria, seguramente, usar maquilhagem. E muito menos oxigenar os cabelos ou perder horas no cabeleireiro para refinar os penteados.

Mas, naquele momento, a nega não foi pacífica. É, pelo menos, esta a versão do baterista dos Poison, Rikki Rockett. Numa conversa que resultou no episódio 276 do podcast Decibel Geek – fundado pelo ex-jornalista de rock Chris Czynszak e pelo radialista veterano Aaron Camaro – Rockett comentou a passagem de Slash pelo estúdio dos Poison para mostrar o que valia. “O Bret [Michaels, vocalista e líder dos Poison] e eu gostámos do Slash – todos gostámos dele.” Até que surgiu C.C. DeVille. “Fazia mais sentido para nós”, confessa Rockett para revelar, ainda, que Slash “chegou a trabalhar em algumas canções connosco.”

Optar por C.C. em vez de Slash “foi uma decisão difícil, porque todos gostávamos dele. O Slash ficou bastante irritado. Tipo ‘what the fuck, guys?!’.” Rikki Rockett acredita que esta foi a origem da rivalidade entre os Poison e os Guns, “que durou bastante tempo. Mas já passou. Quando encontro o Slash estamos bem.”

Perdeu-se um glam rocker, ganhou-se um guitarrista único no território do hard rock. A revista Time atribuiu-lhes o segundo posto na lista dos 10 melhores guitarristas (guitarra elétrica) de todos os tempos, apenas ultrapassado por Jimi Hendrix.

Pouco depois de saber que não iria integrar os Poison, os caminhos de Slash voltariam a cruzar-se com os de Axl Rose – ambos passaram pela banda Hollywood Rose que, mais tarde, resultante de uma espécie de “fusão” com os L.A. Guns, deu origem aos Guns N’ Roses. O que se seguiu foi a afirmação de uma banda que marcou a música da segunda metade dos anos 1980 e o início dos anos 1990 e vendeu milhões de discos em todo o mundo.

Avaliação do Polígrafo:

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