“Neil Young vendeu os direitos das suas músicas, numa transação, estimada de 150 milhões de dólares, pelo que nem sequer tem direito para retirar ou colocar estas obras em qualquer plataforma, o mesmo se passando com Joni Mitchell”, escreve o autor de uma publicação no Facebook, de 29 de janeiro.
O post surge na sequência dos acontecimentos da última semana. Na segunda-feira, dia 24, Neil Young escreveu uma carta aberta (entretanto apagada), na qual exigia ao agente e à editora (Warner Music) que retirasse o seu catálogo de canções da plataforma Spotify. Em causa, defendia o músico canadiano, o facto de a plataforma de streaming espalhar “informações falsas sobre vacinas e o novo coronavírus”. O músico referia-se, em concreto, a Joe Rogan e ao podcast “The Joe Rogan Experience“, onde o comediante aconselhou os jovens saudáveis a não serem vacinados e defendeu o uso de ivermectina.
Dias depois, este sábado, 29 de janeiro, a cantora e compositora canadiana Joni Mitchell tomou a mesma decisão, seguindo os passos do velho amigo. “Decidi retirar todas as minhas músicas do Spotify. Pessoas irresponsáveis estão a espalhar mentiras que ameaçam a vida das pessoas”, escreveu.
Mas será que ambos os históricos músicos, tal como afirma a publicação sob análise, venderam todos os direitos que tinham sobre as suas canções e não têm uma palavra a dizer nesta matéria?
Neil Young vendeu, em janeiro no ano passado, os direitos de 50% da totalidade do seu vasto catálogo. A empresa de investimentos “Hipgnosis Song Fund” adquiriu os direitos de 1.180 canções de Neil Young por um valor que nunca foi confirmado, mas que poderá ter atingido os 150 milhões de dólares (134 milhões de euros).
Neil Young tem mais de 70 álbuns publicados, a solo e em banda, e é autor de canções como “Heart of Gold”, “Rockin’ in the free world” e “Harvest Moon”. Para retirar as músicas do Spotify, o artista não pode agir sozinho e, em dois comunicados, Neil Young agradeceu às editoras Hipgnosis e Warner/Reprise pelo apoio.
Num primeiro comunicado, o músico explicou que os seus advogados avisaram-no de que “não tinha controlo” do seu catálogo para levar a cabo a decisão sozinho. “Anunciei que estava a sair [do Spotify] de qualquer forma, porque sabia que estava”, escreveu. “Quero agradecer à minha grande e solidária editora discográfica por estar comigo na minha decisão. Obrigado Warner Brothers por ficar comigo e levar o golpe – perdendo 60% da minha receita mundial de streaming em nome da verdade”, concluiu.
No segundo comunicado, Neil Young agradeceu também à Hipgnosis, que detém 50% do seu catálogo, e à Universal, que edita cinco dos seus 41 álbuns de estúdio. “Estou muito feliz com o apoio deles”, escreveu o músico canadiano.
E quanto a Joni Mitchell?
Se, de facto, Neil Young perdeu a maioria dos direitos sobre a sua própria música, a situação é bem diferente com a compositora e cantora canadiana.
Joni Mitchell é das poucas artistas que detém os masters e os direitos de todas as suas canções e tem direito a 100% dos lucros obtidos. Além disso, a cantora produziu todos os seus discos, 19 álbuns de estúdio e três álbuns gravados ao vivo desde 1968.
O facto de ter mantido todos os direitos sobre as suas músicas, permite a Joni Mitchell ganhar milhões com as plataformas de streaming, vendas digitais, vendas de discos, e ainda quando as suas canções são usadas em filmes ou reproduzidas ou adaptadas por outros artistas. Em setembro do ano passado, a cantora assinou com a “Reservoir Media” que passou a gerir todo este património.
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