Consegue imaginar Madonna na posição mais recuada da formação clássica de uma banda, sentada, “amarrada” a duas baquetas e sem poder brilhar e destacar-se com as suas roupas, maquilhagem ou danças? É uma imagem difícil de compor, mas foi precisamente por aí que começou a carreira de Madonna no mundo da música.
Chamavam-se The Breakfast Club, começaram a tocar juntos em 1979, em Nova Iorque, e entre os diversos elementos que foram integrando a formação da banda encontra-se um nome que, mais tarde, se tornaria uma das mais proeminentes estrelas da pop de todos os tempos, aquela que conquistou o epíteto de “Rainha da Pop”.
A história é contada no documentário “Madonna and The Breakfast Club”, que acompanha o início de carreira. O filme, escrito e realizado por Guy Guido, tem por base “videos, cassetes e cartas de amor daquele período que [Dan] Gilroy [ndr: o namorado de Madonna de então] lhe passou”, escreve a revista “Vogue”.
Para a realização deste docudrama a produção foi em busca de uma atriz que nos transportasse para o universo de Madonna nos anos 1980. A opção por Jamie Auld foi um tiro certeiro. As semelhanças da jovem atriz – descoberta numa loja de donuts – com Madonna são assombrosas. A revista brasileira “Quem” publicou, em 2017, um conjunto de imagens do documentário de Guy Guido e comparou Jamie Auld com Madonna no seu início de carreira e é difícil distinguir os originais da cópia. Auld parece ser uma espécie de clone de Madonna.
A reconstrução das cenas de ensaios, fotos de banda e outras, igualmente muito fiel ao original – como as fotos de época mostradas no documentário comprovam – é complementada com “entrevistas com os antigos parceiros de banda de Madonna, incluindo [Dan] Gilroy, o seu irmão e guitarrista Ed Gilroy e o baixista Angie Smith”, acrescenta a Vogue.
Fica evidente, logo no trailer, que o lugar de Madonna não era sentada, no posto mais discreto da banda mas, antes, diretamente debaixo dos holofotes. Sempre que podia, saltava da bateria para o microfone e assumia o posto de maior protagonismo na banda, como podemos ouvir nestas gravações antigas, disponíveis no YouTube. A revista “Billboard” resume este processo gradual de afirmação, dentro dos The Breakfast Club: “À medida que o filme avança, Madonna envolve-se cada vez mais na música da banda e começa a desenvolver a sua própria identidade como artista.” Começa como baterista mas, depois, assume-se, também, como “guitarrista, teclista e letrista dos Breakfast Club”, escreve, ainda, a Billboard.
Madonna ainda teve mais uma banda, os Emmy and the Emmys, mas o seu talento e ambição não cabiam numa banda, como o seu primeiro álbum – Madonna, de 1983 – e todos os outros, na verdade, acabariam por confirmar.