É preciso recuar a 1965 para percebermos por que razão “Light My Fire” ainda hoje não é usada em anúncios. Foi naquele ano que Jim Morrison, o carismático líder dos Doors, definiu as regras democráticas e económicas da banda: “Jim disse que devíamos dividir tudo e que todos têm poder de veto”, escreveu o baterista John Densmore, num artigo publicado no “The Guardian”, em agosto de 2002. “Se aprendi alguma coisa com o Jim foi saber respeitar o que criámos”, sublinhou.
Em 2004 a Cadillac fez uma oferta irrecusável aos 3 elementos dos Doors então vivos: “15 milhões de dólares pela utilização de “Break on Through” para promover os seus luxuosos SUV”, de acordo com o “Los Angeles Times”.
Krieger e Manzarek deram o OK, mas Densmore decidiu recorrer ao direito instituído por Morrisson em 1965 e vetou a operação. “Disse que tinha feito o mesmo quando a Apple surgiu com uma oferta de 4 milhões de dólares e sempre que ‘alguma companhia de desodorizantes quer usar Light My Fire’”, acrescenta o LA Times.
Tudo começou em 1967, “quando a Buick ofereceu 75 mil dólares para usar ‘Light My Fire’ na promoção do seu novo Opel”, recorda Densmore no artigo que escreveu e foi publicado pelo “The Guardian”. E continua: “Ray, Bobby e eu concordámos, mas o Jim estava fora. Quando chegou, ficou doido.” O “The New York Times” vai mais longe quando adjetivo a reação de Morrisson, e revela que o acordo o deixou “furioso e ameaçou destruir um Buick em frente as câmaras de televisão.”
Afinal, não era apenas a colagem da canção a um produto. Tratava-se, também, de adulterar a letra escrita por Morrisson. De acordo com a “Rolling Stone”, “o fabricante automóvel iria usar o hit da banda ‘Light My Fire’ alterando a letra de ‘Come on baby light my fire’ para ‘Come on Buick light my fire’”.
A luta continua, para Densmore. A fechar o texto publicado pelo “The Guardian”, conta que, “enquanto escrevia este artigo, a Toyota Holland passou os limites. Pegaram na linha melódica de abertura de ‘Light My Fire’ para vender os seus carros.” O que se seguiu? “Contratámos advogados na Holanda para ir atrás deles. Mas, entretanto, as pessoas em Amesterdão ficaram com a ideia de que nos vendemos. O Jim adorava Amesterdão”.
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