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Music-Check. Ella Fitzgerald não conseguia atuar no clube “Mocambo” por ser afro-americana?

Música
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Circulam constantemente nas redes sociais publicações sobre o papel que Marilyn Monroe teve no lançamento da carreira de Ella Fitzgerald. Conta-se que a cantora de jazz não podia atuar no famoso clube noturno “Mocambo” por causa da sua raça. Monroe garantiu ao dono do bar que estaria lá todas as noites, se ele permitisse que Fitzgerald atuasse. Confirma-se?

“Nos anos 50, Ella Fitzgerald não foi autorizada a atuar na discoteca mais popular de Hollywood, ‘The Mocambo’, devido à sua raça. Marilyn Monroe, que era uma grande fã, ligou ao proprietário e explicou que se ele deixasse Ella atuar, ela estaria lá todas as noites, o que garantiu uma enorme cobertura da imprensa”, lê-se na publicação partilhada a 16 de novembro deste ano.

A plataforma de fact-checking Snopes já tinha verificado este tipo de publicações em 2019. Aliás, uma das histórias mais comuns, de acordo com a Snopes, é que Ella Fitzgerald não pôde atuar no “Mocambo” por ser afro-americana. Os cantores negros foram vítimas de muita discriminação nos anos 50, mas tudo indica que este não foi um desses casos. Artistas como Eartha Kitt e Herb Jeffries tinham atuado no “Mocambo” antes de Ella Fitzgerald.

Segundo a biografia “Marilyn: The Passion and the Paradox”, Charlie Morrison, o proprietário do clube noturno, hesitou em contratar porque a cantora tinha excesso de peso e não tinha grande sensualidade. Além disso, Morrison achava que uma cantora de “true jazz” não seria “glamorosa” o suficiente para o seu bar de Hollywood.

E onde entra Marilyn Monroe nesta história? A estrela de cinema já tinha escutado várias gravações de Ella e, em novembro de 1954, viu uma atuação da cantora em Los Angeles. Assim que se apercebeu das dificuldades que a artista tinha em atuar em locais mais prestigiados, Monroe decidiu “impulsionar a sua carreira”. O livro aponta que “ela contactou os proprietários da ‘Mocambo’, uma boate Sunset Strip, e convenceu-os a contratar Fitzgerald por uma semana”. Além de prometer que estaria na fila da frente em todas as atuações, ainda disse que trazia amigos. E assim foi.

Estava à beira da morte quando admitiu que cometeu uma série de homicídios a mando do governo norte-americano, entre eles o de Marilyn Monroe. A revelação, chocante, foi originalmente publicada num site, mas já foi partilhada, só no Facebook, 128 mil vezes. Significa isto que 56 anos depois da morte da estrela de cinema norte-americana chegam ao fim as especulações e o mistério em torno do seu desaparecimento?

“Cantar no ‘Mocambo’ foi um ponto de viragem na carreira de Fitzgerald. Com um grande clube noturno no seu currículo, já não estava restrita a pequenos clubes. Estava grata a Marilyn, embora não tenha tido uma amizade próxima por causa do hábito de drogas da atriz”, afirma-se na biografia.

Depois do sucesso que fez em “Mocambo”, Fitzgerald conseguiu atuações noutros sítios prestigiados e até voltou ao clube noturno na Califórnia. No entanto, em alguns bares, era esperado que a cantora entrasse por uma porta lateral ou pela entrada traseira. Mais uma vez, e de acordo com Geoffrey Mark, que escreveu a biografia de Ella Fitzgerald, Marilyn Monroe recusou-se a entrar, a não ser que a cantora de jazz entrasse com ela pela porta da frente. E, mais uma vez, conseguiu que a ouvissem.

Concluindo, apesar de Marilyn Monroe ter impulsionado a carreira de Fitzgerald, a razão pela qual a cantora de jazz não pôde atuar no clube “Mocambo” foi distorcida da realidade. Fitzgerald foi discriminada pelo seu corpo e por ser uma cantora de jazz e não por ser afro-americana.

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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:

Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:

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