“Não há nazis na Ucrânia, certo? Adeptos de futebol ucranianos desenharam um bigode à Hitler na mascote oficial do campeonato no Qatar”, destaca-se num tweet de 22 de novembro que difunde o vídeo em causa.
Com 45 segundos de duração e identificado com o logótipo da estação de televisão Al Jazeera (com sede em Doha, Qatar), o vídeo indica (através de legendas) que “três adeptos ucranianos espalharam símbolos nazis em Doha“, no dia 20 de novembro. “Os homens foram levados pelas autoridades quando fizeram uma saudação nazi e desenharam um bigode de Hitler numa imagem da mascote do Campeonato Mundial da FIFA 2022″, descreve-se ainda, enquanto são mostradas imagens de adeptos da seleção ucraniana de futebol e de estádios no Qatar para ilustrar tais alegações.
Vamos por partes. Em primeiro lugar, importa destacar que a Ucrânia não se qualificou para o Campeonato Mundial de Futebol que se realiza este ano no Qatar. Em junho, o País de Gales venceu a seleção ucraniana por uma bola a zero na final do play-off europeu rumo ao Mundial 2022. A imagem do conteúdo multimédia que mostra adeptos com as cores da seleção ucraniana é, logo à partida, enganadora.
Por outro lado, não existe nenhuma notícia fidedigna que aponte para a detenção de “adeptos ucranianos” desde o início do campeonato que começou no dia 20 de novembro. Da mesma forma, a estação de televisão “Al Jazeera” nunca publicou o vídeo em causa, ou qualquer notícia que divulgue esta informação. Ou seja, trata-se de uma falsificação a partir do modelo e design de vídeos curtos na página de Instagram do órgão de comunicação.
“Um vídeo atribuído à ‘Al Jazeera’ tem estado a circular nas redes sociais referindo a detenção de adeptos ucranianos durante o Campeonato do Mundo da FIFA. O vídeo em questão é completamente falso e nunca publicámos nenhuma notícia relacionada com esta história”, lê-se na nota de esclarecimento publicada na conta oficial de Twitter da estação de televisão.
[twitter url=”https://twitter.com/AlJazeera/status/1595779344198246401/photo/1″/]
O conteúdo falso foi partilhado por várias contas associadas ao Governo da Rússia. Entre elas, a Embaixada da Rússia no Reino Unido. “Depois de ficarem sóbrios, os fãs ficaram surpresos ao descobrir que a ‘imunidade’ concedida por alguns países ocidentais aos neonazistas ucranianos não pode ser desfrutada em países normais como o Qatar”, destaca-se na legenda do tweet (entretanto apagado), de 24 de novembro, que partilha desinformação.
Em suma, a “notícia” que dá conta da detenção de três adeptos de futebol ucranianos no Qatar é falsa. Trata-se da falsificação de uma notícia em formato de vídeo com a assinatura indevida da “Al Jazeera”.
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Avaliação do Polígrafo: