A mulher de Volodymyr Zelensky, Presidente da Ucrânia, viajou até Paris, França, entre os dias 12 e 14 de dezembro. Olena Zelenska, primeira-dama ucraniana, foi recebida no Palácio do Eliseu pela primeira-dama francesa, Brigitte Macron. A comitiva incluiu vários membros do Governo da Ucrânia, mas não o Presidente, numa iniciativa com o objetivo de “promover a ‘resiliência'” da Ucrânia na guerra contra a Rússia, como descreveu o jornal francês “Le Monde”.
Depois da visita propagou-se nas redes sociais uma história sobre alegados gastos de Zelenska numa loja de luxo em Paris. No Twitter, a 19 de dezembro, por exemplo, destacou-se a seguinte versão: “A mulher de Zelensky, Olena Zelenska, gastou 40 mil euros durante uma visita de uma hora a uma loja de luxo em Paris, enquanto visitava a França para pedir mais recursos para a resistência pró-aliados dos EUA.”
Segundo apurou a revista norte-americana “Newsweek”, em artigo de verificação de factos sobre esta história, o boato teve origem numa “notícia” de um site que costuma difundir fake news e desinformação.
Na maior parte das publicações nas redes sociais mostra-se apenas a imagem do título e destaque da notícia, mas no texto original não é indicada qualquer fonte de informação, apontando somente para um tweet da página “SGM World News” que, por sua vez, alega basear-se em “informação avançada por um funcionário” que não é identificado.
Também há quem aponte para outra origem do rumor: um tweet de 12 de dezembro em língua francesa que difunde a mesma história, indicando uma “fonte fiável” que consiste num “funcionário da loja em questão responsável pela cobrança aos clientes”. Mais uma vez, não identificado. O mesmo se aplica à loja que estará localizada na “Avenue Montaigne”, em Paris.
O facto é que não há qualquer prova da suposta despesa de 40 mil euros. A “fonte fiável” é anónima e não verificável. Neste último caso remete-se até para um artigo do jornal “La Depeche” em que não se faz qualquer referência à despesa, ou sequer à eventual passagem de Zelenska por uma qualquer loja, mas informando somente que visitaria Paris entre os dias 12 e 14 de dezembro.
Mais, o autor do tweet indica residir na Flórida, EUA, pelo que nem sequer estaria em Paris. De acordo com a “Newsweek”, a conta do autor é seguida por mais de 6 mil utilizadores do Twitter, mas obtém uma pontuação relativamente alta – 3,4 em 5 – na “Botometer”, uma ferramenta de verificação da atividade de páginas do Twitter. Note-se que as pontuações mais altas indiciam atividade de bot, uma aplicação de software concebida para simular ações humanas de forma repetida.
“Apenas 19% das contas com uma pontuação de bot acima de 3,4 são rotuladas como humanas”, sublinha a revista.
De resto, essa conta tem várias publicações com conteúdo homofóbico e odioso contra Emmanuel Macron, além de desinformação sobre a pandemia de Covid-19.
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