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Covid-19. Morreram dois voluntários durante o ensaio clínico das vacinas da Pfizer?

Coronavírus
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Circula nas redes sociais uma publicação na qual se anuncia a alegada morte de duas pessoas durante a última fase de testes da vacina desenvolvida pela Pfizer/BioNTech para combater a pandemia provocada pelo SARS-CoV-2. De acordo com a mensagem propagada, a informação terá sido confirmada pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA. Verdadeiro ou falso?

“A FDA afirma que dois participantes no ensaio de vacinas Pfizer Covid morreram. Com a expectativa da FDA de conceder a aprovação do uso de emergência para a vacina Pfizer-BionTech COVID na quinta-feira, após divulgar uma avaliação preliminar dos dados do ensaio que o painel usará para avaliar a droga na manhã de hoje, a agência admitiu na terça-feira que dois participantes na Fase 3 dos ensaios morreram”, pode ler-se na publicação em causa.

Será esta denúncia verdadeira?

A informação está correta, mas carece de contextualização. De acordo com um documento da Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, divulgado no dia 8 de dezembro, seis voluntários morreram durante o período de testes da vacina. Porém, quatro deles estavam no grupo dos participantes que receberam o placebo, pelo que a morte não podia ser associada de modo algum à vacina.

Entre os que receberam uma solução injetável de água e sal, um morreu de enfarte do miocárdio, outro de AVC hemorrágico e os outros dois de causas desconhecidas. Os dois voluntários que foram de facto imunizados com a vacina da Pfizer morreram de ataque cardíaco e de arteriosclerose.

De acordo com o relatório da FDA, “nenhuma das mortes foi avaliada pelo investigador como estando relacionada com a intervenção do estudo”. As autoridades norte-americanas explicam ainda que “todas as mortes verificadas representam casos que ocorrem na população em geral, dentro dos seus grupos etários, numa taxa similar”.

De acordo com o relatório da FDA, “nenhuma das mortes foi avaliada pelo investigador como estando relacionada com a intervenção do estudo”. As autoridades norte-americanas explicam ainda que “todas as mortes verificadas representam casos que ocorrem na população em geral, dentro dos seus grupos etários, numa taxa similar”.

Recentemente, dois profissionais de saúde britânicos, com historial clínico de alergias, desenvolveram uma reação alérgica depois de serem vacinados com a vacina da Pfizer/BioNTech. Consequentemente, a agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA) do Reino Unido alertou que qualquer pessoa que já tenha sofrido episódios de anafilaxia em reação a um medicamento ou alimento, ou tenha alergias significativas, não deve receber para já a vacina.

A vacina para a Covid-19 deverá chegar a Portugal em janeiro de 2021. Terá duas doses e será gratuita, facultativa e universal. Numa fase inicial, está prevista a vacinação de 950 mil portugueses. Pode consultar o plano de vacinação aqui.

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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebookeste conteúdo é:

Falta de contexto: conteúdos que podem ser enganadores sem contexto adicional.

Na escala de avaliação do Polígrafoeste conteúdo é:

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