“Atraso de vida” e “perda de tempo”. Em setembro de 2023, era desta forma que Luís Montenegro, líder do PSD, apelidava o Governo de António Costa, numa altura em que vários alunos, a começar as aulas, ainda não tinham docentes em todas as disciplinas. O comentário, feito aos jornalistas, reagia ainda às declarações do então ministro da Educação, João Costa, que disse, poucos dias antes, que os problemas não se resolvem “de um dia para o outro” e que seriam necessárias medidas de médio e longo prazo para resolver a falta de professores.
Na altura, o líder da oposição garantia conhecer uma solução rápida para o problema: mudar de Governo. “Olhar para as declarações do senhor ministro da Educação, na esteira do que também já tinha dito o seu colega da Saúde e que diz também a ministra do Ensino Superior e da Ciência, de que é preciso tempo para resolver os problemas, é mesmo caso para dizer que isto é um atraso de vida. Este Governo é uma perda de tempo“, afirmou à data, admitindo que a solução era só uma. “Mudar de Governo. É preciso mudar as políticas, é preciso ser mais ousado, é preciso ser mais diligente e é preciso contemplar menos os problemas”, apontou.
Montenegro foi até questionado pelos jornalistas sobre o que faria se estivesse no lugar de António Costa: “Fazer uma antecipação dos problemas que já se sabia que iam ocorrer, fazer uma planificação de maneira a ter os recursos humanos mais bem distribuídos, de maneira a não criar este obstáculo nos alunos.”
Agora, um ano depois e no início de um novo ano letivo (que não pode, ainda, garantir professores para todos os alunos), o Primeiro-Ministro Luís Montenegro parece ter pedido conselhos a João Costa. O seu discurso mudou por completo e esta quarta-feira, na cerimónia de assinatura de acordos entre Governo, ordens profissionais e ensino superior, Montenegro admitiu: Governo não pode garantir “de um mês para o outro” que haverá professores para todos os alunos no arranque do ano letivo”.
“Infelizmente, sr. ministro da Educação, apesar de todos os esforços que estamos a fazer e vamos continuar a fazer, não estamos em condições de poder dizer que, de repente, de um mês para o outro, já vai haver professores em todas as escolas e a todas as disciplinas e não vai haver alunos a serem prejudicados por não terem professores pelo menos a uma disciplina“, lamentou.
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