Em 2022, António Costa acabara de conseguir uma maioria absoluta depois de ver o Orçamento do Estado para esse ano chumbado, começavam os primeiros escândalos no Governo. No total, entre a tomada de posse do terceiro Governo de Costa e novembro de 2023 aconteceram 14 demissões (exclui motivos de saúde), três das quais envolvendo ministros.
Costa não caiu, mas para se segurar teve que criar um questionário de 36 perguntas que prometia filtrar as suas escolhas para os lugares governamentais. À data, janeiro de 2023, os especialistas chamavam-nos “tardio, limitado e dispensável“. Mais duro era Luís Montenegro, que garantia que nenhum problema do país ficaria resolvido. Mas será que agora, PM indigitado, Montenegro “obrigou” os seus ministros a preenchê-lo?
O que dizia Montenegro em janeiro de 2023: “Este questionário não é para resolver nenhum problema do país, é só para resolver um problema do doutor António Costa, mas o problema é ele, que não sabe escolher ou escolhe mal. O problema é ele, que não quer assumir a responsabilidade e passá-la às pessoas e quer arranjar maneira de que, qualquer dia, ninguém queira ir trabalhar com ele. Se ele acha que trabalhar com ele é preciso responder aquele questionário, então a primeira coisa que ele tem de fazer é dar já a quem já está a trabalhar com ele a folha para ser preenchida, para ele verificar se está ou não em condições de garantir a confiança daqueles que trabalham com ele, hoje.”
O que fez Montenegro agora: antes de anunciar os 17 ministros que formarão consigo o XXIV Governo Constitucional, o PM indigitado terá “obrigado” as personalidades a responder ao questionário que herdou de Costa. Não precisava, concordam os especialistas, mas fê-lo, como confirmou ao Polígrafo fonte oficial do gabinete.
Entre o “questionário de verificação prévia à propositura de membros do Governo ao Presidente da República a ser preenchido pelas personalidades convidadas pelo Primeiro-Ministro para integrarem o Governo” estão perguntas relacionadas com possíveis conflitos de interesse – “Presta, ou desenvolveu nos últimos três anos, actividade de qualquer natureza, com ou sem carácter remunerado ou de permanência, susceptível de gerar conflitos de interesses, reais, aparentes ou meramente potenciais com o cargo a que é proposta/o?” – ou ainda com relações familiares – “Algum membro do seu agregado familiar detém capital, ou participação em capital, em sociedades ou empresas que prosseguem actividades no sector directamente tutelado pela área governativa do cargo a que é proposta/o?”
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Avaliação do Polígrafo: