O deputado único do Livre, Rui Tavares, aproveitou o debate da moção de censura para acusar André Ventura de “publicar notícias falsas, imitar o grafismo de órgãos de imprensa” e, depois disso, “disseminar nas redes” esses conteúdos.

Na sua intervenção, recorreu a uma analogia: “Imaginem que um cidadão [...] decide publicar uma bula de um medicamento com informação falsa, vendendo um agente tóxico em vez de um medicamento, e decide imitar o grafismo de uma farmacêutica. Certamente, diriam que se trata de uma burla, de uma fraude, diriam que é ilegal, e que teria este cidadão problemas com a justiça.”

A crítica de Rui Tavares encontra paralelo nos factos?

A resposta é afirmativa.

Em entrevista recente à SIC Notícias, Ventura deixou a garantia de que tudo o que divulga através das redes sociais é verdadeiro. Isto após ser questionado sobre o recurso ao grafismo de órgãos de comunicação social, como o jornal “Público” ou a “Rádio Renascença”. Sobre o tema, apressou-se a dar explicações: "Dirão: o Chega agora tem um grafismo diferente que se confunde com a 'Renascença'. Acho muito estranho que uma notícia, por ter um teto azul, seja para equiparar a 'Renascença'. O 'Folha Nacional' tem três secções: uma é verde, outra é azul e outra é vermelha. É uma questão de cores."

Porém, a justificação dada pelo líder do Chega não é convincente. Exemplo: uma imagem de uma alegada notícia difundida na rede social “X” (antigo Twitter) - com o grafismo muito semelhante ao da “Rádio Renascença” -  que apontava o alegado desaparecimento de milhares de inscritos na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), ainda durante o evento. À data, fonte do órgão de comunicação social citado tinha já desmentido ao Polígrafo “a publicação deste conteúdo em qualquer uma das plataformas em que a Renascença está presente" - algo que se confirmou, também, através de uma pesquisa nos motores de busca. Trata-se, portanto, de uma imagem manipulada. Sobre as semelhanças entre o grafismo do “Folha Nacional” e da “Rádio Renascença”, o Polígrafo tinha também já demonstrado que a afirmação não é verdadeira.

Aliás, este tratou-se apenas do exemplo mais mediático da estratégia de disseminação de notícias falsas, por via das redes sociais, levada a cabo por André Ventura. Em agosto, o Polígrafo contabilizou uma dezena de mentiras que o deputado partilhou nas redes sociais e que nunca chegou a apagar - o que comprova, igualmente, a afirmação de Rui Tavares na sessão plenária desta terça-feira.

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