- O que está em causa?Em resposta às acusações endereçadas por André Ventura, presidente do Chega - partido responsável pela moção de censura em debate -, o Primeiro-Ministro argumentou que “660 mil pessoas libertaram-se da situação de pobreza ou exclusão social” desde o início da governação socialista. Confirma-se?

A tarde desta terça-feira é de sessão plenária no Parlamento, com os deputados a reunirem-se para debater a moção de censura ao Governo apresentada pelo Chega. Na sua primeira intervenção, o primeiro-ministro, António Costa, alegou que “660 mil pessoas libertaram-se da situação de pobreza ou exclusão social” desde 2015.
Segundo o chefe do Executivo esse foi o resultado de uma “ação consistente, seja pela política de aumento de rendimentos, pelo reforço da proteção social, ou pela melhor regulação do mercado de trabalho”.
Confirma-se que mais de 600 mil pessoas saíram de uma “situação de pobreza ou exclusão social” desde 2015?
Os mais recentes dados do Eurostat dão conta de que, em 2015, existiam 2,7 milhões de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social. Um valor que baixou, em 2022, para os 2,1 milhões de cidadãos. Contas feitas, em causa está, de facto, uma diminuição na ordem dos 659 mil.
Porém, importa notar que o argumento do chefe do Governo diz respeito ao número de pessoas que se “libertaram” da situação de pobreza ou exclusão social - e não, como mostram os dados do Eurostat, das que deixaram de estar “em risco”.
De referir também que, apesar desse decréscimo, 20,1% das pessoas encontravam-se ainda em risco de pobreza e exclusão social, segundo os dados do ano passado.
