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Moçambique. Incêndio no Hospital Geral de Mavalane foi “provocado por manifestantes” que “atearam fogo”?

Internacional
O que está em causa?
Nas redes sociais garante-se que o Hospital Geral de Mavalane "está em chamas", tendo o incêndio sido "provocado por manifestantes" que protestam contra os resultados eleitorais e a vitória de Daniel Chapo da Frelimo. Verdadeiro ou falso?

“Alerta, Hospital de Mavalane está em chamas (…). De acordo com o advogado moçambicano Adriano Nuvunga, o Hospital Geral de Mavalane está em chamas neste exacto momento. O incêndio foi provocado por manifestantes que atearam fogo ao hospital”, destaca-se numa publicação de 24 de Dezembro no Facebook, indicada ao Polígrafo África com pedidos de verificação de factos.

Alega-se que o incêndio foi provocado por manifestantes que protestam contra os resultados eleitorais e a vitória do candidato presidencial Daniel Chapo, da Frelimo, entretanto confirmados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) e validados pelo Conselho Constitucional de Moçambique.

A história está a ser bem contada?

Importa começar pelo contexto. As manifestações contra os resultados eleitorais prosseguem em várias cidades de Moçambique. Aliás, voltaram a intensificar-se após a validação do Conselho Constitucional no dia 23 de Dezembro.

Pelo menos 252 pessoas morreram nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique desde o 21 de outubro, metade das quais apenas desde o anúncio dos resultados finais, de acordo com um novo balanço divulgado pela plataforma eleitoral Decide no dia 26 de Dezembro.

O mais recente balanço daquela Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana que monitoriza os processos eleitorais indica que, desde o dia 23 de dezembro, já morreram nestas manifestações 125 pessoas, das quais 34 na província de Maputo e 18 na cidade capital, sul do país. Há ainda registo de 26 mortos na província de Nampula (norte) e 33 em Sofala em menos de três dias.Registam-se também 224 pessoas baleadas, das quais 59 na cidade de Maputo e 37 na província de Maputo, bem como 43 em Nampula e 65 em Sofala. Desde 21 de outubro, o registo da plataforma eleitoral Decide contabiliza 569 pessoas baleadas em todo o país, além de 252 mortos e seis desaparecidos. Somam-se ainda 4.175 detidos desde o início da contestação pós-eleitoral, 137 dos quais desde segunda-feira.Mas é verdade que o Hospital Geral de Mavalane foi incendiado por manifestantes?

Não. O Polígrafo África falou directamente com moradores e funcionários do hospital que desmentiram tal alegação.

Na verdade ocorreu um incêndio no centro de abastecimento de equipamento hospitalar e meios circulantes, localizado na avenida das FPLM e não exactamente no Hospital Geral de Mavalane.

Uma reportagem da TV Sucesso também chegou à mesma conclusão. As autoridades garantem estar a envidar esforços com vista a esclarecer as causas do incêndio.

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Avaliação do Polígrafo:

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