É um dos temas mais polémicos quando se fala sobre cancro. Nos Estados Unidos, por exemplo, acumulam-se os casos de empregados que processam os seus patrões por alegadamente terem tido um cancro na sequência do stress acumulado durante o horário de trabalho.
Mas afinal há ou não ligação entre os dois fenómenos?
Não há provas científicas conclusivas sobre a possibilidade de o stress estar na origem de doenças oncológicas. Neste momento o que nos diz a ciência validada é que não há relação. Mas há quem acredite que pode haver.
Lúcia Monteiro, do IPO: Não há nenhum estudo que o conclua de forma inequívoca. O que sabemos é que um stress profundo pode fragilizar o sistema imunitário do ser humano, deixando-o mais susceptível ao ataque de células malignas
Num estudo divulgado pelo National Cancer Institute, conclui-se que apesar de estar provado que o stress pode provocar vários problemas de saúde, não há evidência científica conclusiva de que que possa causar doenças oncológicas. Os vários estudos realizados a esse respeito são contraditórios, não havendo um consenso entre a comunidade científica.
Em declarações ao Polígrafo SIC, Lúcia Monteiro, directora do Serviço de Psiquiatria do Instituto Português de Oncologia de Lisboa, confirma que neste momento não é possível afirmar com segurança que o stress e o cancro têm uma relação directa. “Não há nenhum estudo que o conclua de forma inequívoca. O que sabemos é que um stress profundo pode fragilizar o sistema imunitário do ser humano, deixando-o mais susceptível ao ataque de células malignas”, afirma. Por isso mesmo, um conselho que dá sempre aos seus doentes oncológicos é que controlem os níveis de stress e que evitem depressões, que “só enfraquecem o organismo”.
Em Portugal morrem 79 pessoas por dia vítimas de cancro. Os dados divulgados pelo Observatório Global do Cancro (Globocan 2018) apontam para mais de 58 mil novos casos no último ano e para a ocorrência de mais de 28 mil mortes.
Nas próximas duas décadas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o cancro terá uma maior expressão. Em Portugal, haverá um crescimento de 31% na mortalidade, atingindo em 2040 mais de 37 mil mortes. Em relação a novos casos, o avanço será de 19%, com a existência de 69 565 novos doentes.
Um quarto da população está em risco de desenvolver cancro até aos 75 anos e 10% corre o risco de morrer de doença oncológica, de acordo com a Agência Internacional para a Investigação do Cancro, organismo da OMS.
Nota: pode ver a peça televisiva do Polígrafo SIC sobre o tema aqui.
Avaliação do Polígrafo SIC: