O líder do Chega quis contar a história à sua maneira: “Sabe o que é que eu acho que aconteceu? O doutor Pedro Nuno Santos gostava da Alexandra Reis, profissionalmente, mas também gostava da CEO da TAP. E, portanto, nomeou a CEO da TAP, só que também tinha nomeado Alexandra Reis. Tinha um problema em mãos, que era: nomeou as duas e gostava das duas. Às tantas começam as desavenças. Como é que resolveu a coisa? Tirou a Alexandra Reis e prometeu-lhe um lugar na NAV.”
O ex-ministro das Infraestruturas negou por absoluto a versão de Ventura: “A saída da Alexandra Reis não é decidida nem conduzida por mim. O impulso não é meu. A engenheira sai com uma indemnização altíssima, onde é que entra aqui a questão da compensação com a entrada na NAV? Ela foi porque era boa profissional. Uma coisa não tem que ver com a outra.”
Sobre o primeiro comunicado da TAP enviado à CMVM, a propósito da saída de Alexandra Reis, Ventura questionou Pedro Nuno sobre se este tinha tido conhecimento do mesmo. “Foi-nos dado a conhecer, sim”, confirmou o antigo ministro. “Portanto, quando o comunicado é feito à CMVM o dr. Pedro Nuno Santos sabia que a TAP estava a mentir ao regulador?“, perguntou Ventura. “Não olho para o comunicado como uma mentira, mas como a transposição de um acordo, de uma solução jurídica que eu não conhecia e não tinha de me pronunciar”, respondeu Pedro Nuno.
Ventura insistiu no tema e assinalou que o ex-ministro sabia que Alexandra Reis “não tinha saído para abraçar novos desafios”, como assumia o documento, mas sim por vontade do Conselho de Administração. Pedro Nuno torna a insistir que não tinha conhecimento sobre o acordo assinado entre a TAP e Alexandra Reis e que, por esse motivo, não sabia se era mentira. “Mas sabia que Reis não tinha sido despedida?”, questionou Ventura. A resposta: “Na medida em que saiu com acordo.”
É verdade que o comunicado que passou por Pedro Nuno Santos não era totalmente fiável?
Sim. Em fevereiro de 2022, a TAP emitiu um primeiro comunicado (pode consultar aqui) no qual anunciava a “renúncia ao cargo” da então administradora Alexandra Reis: “Tendo sido nomeada pelos anteriores acionistas, e na sequência da alteração da estrutura societária da TAP, Alexandra Reis, vogal e membro do Conselho de Administração e Comissão Executiva da TAP, apresentou hoje renúncia ao cargo, decidindo encerrar este capítulo da sua vida profissional e abraçando agora novos desafios. Nos termos da referida renúncia, a mesma produzirá efeitos no dia 28 de fevereiro de 2022.”
Meses mais tarde, porém, já em dezembro de 2022, após ter sido revelada a indemnização de 500 mil euros recebida por Reis, a TAP emitiu uma correção de informação (pode consultar aqui) enviada à CMVM sobre as circunstâncias da renúncia da administradora, onde esclarece “que a renúncia apresentada por Alexandra Reis ao cargo de vogal e membro do Conselho de Administração e Comissão Executiva da TAP comunicada à CMVM no passado dia 4 de fevereiro, ocorreu na sequência de um processo negocial de iniciativa da TAP, no sentido de ser consensualizada por acordo a cessação de todos os vínculos contratuais existentes entre Alexandra Reis e a TAP”.
Esta correção levou a CMVM a avaliar “as consequências legais aplicáveis” para a TAP devido à informação prestada ao mercado sobre a saída de Reis.
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Avaliação do Polígrafo: