Ouvido durante a tarde de ontem na Comissão de Educação e Ciência, o ministro João Costa falou sobre a política geral do seu Ministério e, em resposta ao deputado do Chega Gabriel Mithá Ribeiro, que acusou a escola pública de estar a “semear a guetização dos pobres” e a “fragmentação social”, o titular da pasta da Educação destacou: “Eu não sei qual é a base dos seus números, da evolução das suas transferências, sei que 85% da população infantil e juvenil frequenta a escola pública em Portugal.”
“É preciso conhecer o que se passa na escola pública, que é onde as crianças são felizes e aprendem. Se não aprendessem nós não tínhamos os níveis de frequência do ensino superior, que nunca foram tão altos em Portugal“, acrescentou João Costa. Estará correto?
A 30 de setembro do ano passado, a Direção-Geral do Ensino Superior divulgava uma nota à comunicação social onde destacava que o número de inscritos no ensino superior tinha atingido “o maior valor de sempre, com 433.217 inscritos nas universidades e politécnicos no último ano letivo (2021/22), crescendo 5.2%”. Destes, 351.195 seguiram para o ensino superior público e 82.022 para o ensino superior privado.
“Este resultado mantém Portugal na trajetória necessária para atingir as metas de qualificação de longo prazo e que visam atingir até 2030 uma taxa média de frequência no ensino superior de seis em cada dez jovens com 20 anos e atingir 50% de graduados de ensino superior na faixa etária dos 30-34 anos. A taxa de escolaridade do ensino superior da população residente entre os 30 e os 34 anos atingiu 44,5% no 2.º trimestre de 2022, mantendo-se acima da meta europeia de 40%”, lê-se ainda no documento.
Para contexto, o ano letivo em que se tinha verificado maior número de inscritos até então tinha sido o de 2020/21, com 411.995 inscrições. Antes disso, só mesmo em 2003, mostram as séries da Pordata: nesse ano foram 400.831 os alunos a avançar para o ensino superior em Portugal, um valor que baixou sensivelmente nos anos seguintes e que atingiu um mínimo de 358.450 inscritos em 2015/16. Crescimento foi de 21% face a essa quebra.