“Demita-se! Ministra da Saúde assegura que não vão faltar vacinas contra a gripe“, destaca-se na publicação em causa, indicando que se trata de uma suposta declaração proferida por Marta Temido no dia 19 de outubro de 2020.
“E assim enganam os portugueses. Senhora ministra, demita-se”, conclui o respetivo autor. Depreende-se que estará a referir-se à mais recente notícia de que as vacinas contra a gripe, afinal, não vão suprir a elevada procura em Portugal.

Confirma-se que a ministra da Saúde tinha garantido em outubro que “não vão faltar vacinas contra a gripe”?
“Este ano, o Serviço Nacional de Saúde viu reforçadas as aquisições de vacinas em 34 por cento. Contamos com cerca de 2 milhões de vacinas para este período de vacinação contra a gripe sazonal. Por outro lado, para além daquilo que foram as aquisições de vacinas feitas pelo próprio Serviço Nacional de Saúde, há também as aquisições de vacinas feitas pelas próprias farmácias comunitárias que continuarão a vacinar nos termos habituais, de acordo com aquilo que são as suas práticas habituais”, afirmou a ministra da Saúde, no dia 19 de outubro (transcrição a partir de registo áudio da Antena 1).
A partir desta afirmação não é seguro concluir que Marta Temido tenha garantido que “não vão faltar vacinas contra a gripe”. Nesse mesmo dia, porém, a ministra da Saúde participou numa visita à Unidade de Saúde Familiar “Descobertas”, juntamente com a diretora-geral da Saúde, Graças Freitas, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o qual falou aos jornalistas presentes no local sobre aquela que considera ser a “preocupação de muitos portugueses“.
“Haverá vacinas em número suficiente para todos aqueles que queiram vacinar-se? E estarão disponíveis em tempo útil? E aquilo que me foi dito e a senhora ministra [da Saúde] acaba de confirmar é que até à primeira semana de dezembro, a partir deste momento, portanto, a partir de pouco mais de meados de outubro e durante o mês de novembro, progressivamente, todos os que eram vacinados serão vacinados“, garantiu então Rebelo de Sousa.
O Presidente da República tomou a vacina da gripe nesse dia para dar o exemplo, apelando a que “aqueles poucos que não tivessem já a intenção de o fazer venham o mais rápido que possam”. E assegurou que “todos os que quiserem vacinar-se serão vacinados“.

Mais recentemente, no dia 13 de novembro, a diretora-geral da Saúde avisou que a vacina da gripe não vai chegar para todos este ano devido à elevada procura ao nível mundial.
“Como há uma grande procura, algumas pessoas vão ficar sem vacina, é óbvio que sim, basta fazer contas. Nós temos mais pessoas nestes grupos etários e nestes grupos de risco do que aquelas vacinas que o país conseguiu comprar, mas isso tem a ver com a disponibilidade de vacinas que havia ao nível mundial”, declarou Graça Freitas, em contradição com a garantia dada por Rebelo de Sousa em outubro, atribuída na altura ao que lhe “foi dito” e “a senhora ministra [da Saúde] acaba de confirmar”.
Em suma, classificamos o conteúdo da publicação sob análise como verdadeiro, mas há que ter em conta que não encontramos quaquer registo áudio (ou videográfico) da citação destacada, apenas a garantia dada pelo Presidente da República, baseando-se no que lhe foi assegurado pela ministra da Saúde.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é: