“Morreram sete pessoas e não vamos tratar este caso com populismo”. A afirmação foi feita pela deputada socialista Isabel Moreira, esta manhã, na Assembleia da República, referindo-se ao impacto da greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar ao trabalho extraordinário – que durou cerca de uma semana – no atendimento na linha de emergência pré-hospitalar.
Face à presente situação do INEM, o grupo parlamentar do PS “pediu ao Primeiro-Ministro para decidir o que vai fazer relativamente à senhora ministra da Saúde”, Ana Paula Martins, notou ainda Isabel Moreira. Considerando que “a reação” de Luís Montenegro perante todo o caso “não foi aceitável”.
É que, elaborou a deputada, esta sexta-feira “o ‘Expresso’ faz um longo relato de como a ministra da Saúde teve 10 dias para travar a greve do INEM”. Relato esse que classifica como sendo “muito preocupante” e até “penoso”, acerca de “todos os passos que foram ignorados e de uma greve que podia ter sido evitada”. Contudo, “no início da semana”, a própria “ministra da Saúde disse que não estava à espera da greve”.
E acrescentou: “O ponto é este. Mas, pelos vistos, não só estava previamente informada, como até teve margem de tolerância para travar o protesto. É isto que está noticiado.”
Estas alegações têm sustentação factual?
Sim. De facto, trata-se de um artigo publicado esta sexta-feira no jornal “Expresso”, com o título: “Ministra da Saúde teve dez dias para travar a greve no INEM.” Uma notícia que revela ter sido uma “greve que podia ter sido evitada”, na medida em que “o sindicato deu dez dias à ministra da Saúde para iniciar negociações e travar a paralisação, mas ficou sem resposta”.
De acordo com a mesma fonte, “m+no início da semana, a ministra da Saúde disse que ‘não estava à espera’ da greve, mas, na verdade, não só estava previamente informada como até teve margem de tolerância para travar o protesto.”
Foi precisamente isso que Ana Paula Martins disse, esta terça-feira, à margem da inauguração da Unidade de Endoscopia Digestiva dos Serviços Sociais da Câmara Municipal de Lisboa, aqui citada pela agência Lusa: “Não estávamos à espera, porque estamos de boa-fé, a querer realmente […] a avançar para uma negociação. Não estávamos à espera que, neste momento, os técnicos de emergência pré-hospitalar se recusassem a fazer horas extraordinárias, mas compreendemos, porque a falta de pessoal é tanta, que as horas extraordinárias acabam por ser a única forma de compensar.”
Porém, segundo reporta hoje o “Expresso”, com base na “troca de comunicações entre o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), Ana Paula Martins e o seu gabinete e secretários de Estado”, constatou-se que todas estas entidades foram notificadas da paralisação “no dia 10 de outubro, e por duas vezes”.
Exemplo disso foi o e-mail, enviado nesse dia pelo sindicato para o chefe de gabinete da ministra, para Ana Paula Martins, para as duas secretárias de Estado e para o presidente do INEM, apontando o seguinte: “Vemo-nos forçados a avançar com agendamento de ações reivindicativas, nomeadamente greve e manifestação a iniciar no dia 30 de outubro, cujo pré-aviso receberão formalmente ainda hoje.”
Tendo acrescentado a missiva: “Aguardaremos previsivelmente para divulgação pública destas medidas por volta do dia 20 de outubro, permitindo alguma margem a V. Exas. para eventuais medidas que possam reverter as ações reivindicativas.” Pedido esse que, segundo disse ao jornal Rui Lázaro, presidente do STEPH, “foi ignorado”.
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