- O que está em causa?"As multinacionais não visam a cura, mas o lucro", destaca-se no Facebook ao mesmo tempo que se partilha uma alegada notícia em que se diz que o "Governo admite que milhões de crianças têm agora VAIDS", ou seja, o síndrome da imunodeficiência adquirida por vacina. A publicação replica uma notícia de um suposto jornal brasileiro. Tem fundamento?

"Governo admite que milhões de crianças têm agora VAIDS - Media em silêncio. Milhões de crianças em todo o mundo vacinadas com a vacina mRNA Covid da Pfizer desenvolveram a imunodeficiência adquirida (VAIDS), de acordo com um relatório governamental chocante", lê-se no post publicado Facebook no dia 7 de setembro que replica o conteúdo de uma notícia de um alegado jornal brasileiro denominado "Tribuna Nacional".
O autor do post comenta ainda que "as multinacionais não visam a cura, mas o lucro".

O site em questão descreve-se como "uma publicação de notícias internacionais e nacionais, comprometida em cobrir as manchetes das quais os principais meios de comunicação evitam" e já foi, por diversas vezes, verificado pelo Polígrafo. Nele consta recorrentemente desinformação e, neste caso, não há exceção à regra.
A suposta notícia indica que as vacinas contra a Covid-19 da mDNA e Pfizer são responsáveis pelo surgimento de "milhões de crianças" com "síndrome da imunodeficiência adquirida por vacina" (VAIDS, na sigla em inglês) e cita um estudo da revista científica Frontiers.
O estudo em causa foi publicado no dia 25 de agosto de 2023 e foi revisto por pares, mas em momento algum indica que milhões de crianças desenvolveram esta síndrome como consequência da vacinação contra a Covid-19.
O que se conclui é que "a vacinação com BNT162b2 em crianças altera as respostas de citocinas a estimulantes heterólogos, particularmente um mês após a vacinação. Este estudo é o primeiro a relatar os efeitos imunológicos heterólogos da vacinação contra Covid-19 em crianças".
Mais, a Organização Mundial da Saúde defende que as vacinas são eficazes e seguras para a população e não há indicação de fontes fidedignas de surgimento de casos de imunodeficiência adquirida resultantes da vacinação contra a Covid-19.
Outra informação falsa, e talvez a principal, é o síndrome apontado: VAIDS, ou seja, "síndrome da imunodeficiência adquirida induzida por vacina". Esta é uma das alegações a circular nas redes sociais, mas este síndrome não existe. O que existe é o vírus da imunodeficiência humana (VIH) que causa o síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA). "O vírus ataca e destrói o sistema imunitário do nosso organismo, isto é, destrói os mecanismos de defesa que nos protegem de doenças", lê-se no site da DGS.
Em declarações à agência Reuters, Donna Farber, professora de Microbiologia e Imunologia da Universidade de Columbia, nos EUA, é clara: "Não há nenhum fenómeno que eu conheça denominado ‘síndrome da imunodeficiência induzida por vacina’. Não é real".
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Avaliação do Polígrafo:
