“Metade dos salários dos portugueses abaixo dos 800 euros. Remunerações declaradas mostram que mais de dois milhões [de trabalhadores em Portugal] ganham entre 600 e 800 euros. Isto é vergonhoso”, realça-se num post de 24 de agosto no Facebook, remetido ao Polígrafo com pedido de verificação de factos.
Os valores indicados têm fundamento?
De acordo com os últimos dados de “Gestão de Remunerações” da Segurança Social (pode consultar aqui), referentes ao mês de junho de 2022, no que concerne ao trabalho dependente de pessoas singulares com remunerações base declaradas por mês e residentes em Portugal, regista-se um total de 3.898.303 pessoas singulares e 4.011.422 vínculos.
Ora, nos escalões de remuneração base (a 30 dias) até ao valor de 800 euros contabiliza-se um total de 2.166.172 trabalhadores, entre os quais 1.102.383 do sexo feminino e 1.063.789 do sexo masculino.
Nos restantes escalões de remuneração base (a 30 dias) superior a 800 euros concentram-se 1.845.203 trabalhadores.
Ou seja, cerca de 54% dos trabalhadores por conta de outrem declaram uma remuneração base igual ou inferior a 800 euros por mês.
Sim, confirma-se, mais de metade do total e mais de dois milhões de trabalhadores residentes em Portugal.
Por outro lado, no último boletim do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre a remuneração brutal mensal média por trabalhador, com dados até junho de 2022, informa-se que “a remuneração bruta total mensal média por trabalhador (por posto de trabalho) aumentou 3,1% no trimestre terminado em junho de 2022 (2.º trimestre do ano), em relação ao mesmo período de 2021, para 1.439 euros. Tanto a componente regular como a componente base daquela remuneração aumentaram 2,5%, situando-se em 1.139 euros e 1.069 euros, respetivamente. Em termos reais, tendo como referência a variação do Índice de Preços do Consumidor, a remuneração bruta total média diminuiu 4,6%. As componentes regular e base diminuíram ambas 5,1%. Estes resultados abrangem 4,4 milhões de postos de trabalho, correspondentes a beneficiários da Segurança Social e a subscritores da Caixa Geral de Aposentações”.
“Em relação junho de 2021, os maiores aumentos da remuneração total foram observados nas atividades de eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio (21,2%), nas empresas de um a quatro trabalhadores (6,5%), no setor privado (4,4%) e nas empresas de serviços de alta tecnologia com forte intensidade de conhecimento (6,1%). Não foram observadas variações negativas da remuneração total, tendo as menores variações homólogas sido observadas nas atividades de Administração Pública e Defesa e Segurança Social Obrigatória (0,1%), nas empresas com 250 a 499 trabalhadores (0,1%), no setor das Administrações Públicas (1,4%) e nas empresas de outros serviços com forte intensidade de conhecimento (1,3%)”, especifica-se.
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Avaliação do Polígrafo: