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Máscaras utilizadas para combater a Covid-19 são inúteis quando comparadas com os equipamentos de uso profissional?

Coronavírus
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Numa imagem que se tornou viral no Facebook compara-se o equipamento de proteção individual utilizado para combater o novo coronavírus com as máscaras especializadas de diferentes contextos profissionais. E insinua-se que estas máscaras descartáveis ou reutilizáveis não protegem contra um “vírus mortal”. Verdade ou Falsidade?

A imagem em análise foi partilhada centenas de vezes no Facebook e sugere a inutilidade da utilização de máscara cirúrgica ou social, comparando-a com vários tipos de máscaras de uso profissional, mais complexas e robustas.

Máscaras

“Máfia no controlo, povo subjugado. Só um detalhe científico: o vírus é milhares e milhares de vezes menor que as partículas de pó, tinta, etc. Basta ter o mínimo de inteligência e capacidade de análise, para perceber mentiras”, lê-se no texto da publicação.

Fará sentido este tipo de comparação?

Celso Cunha, professor do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa, descreve o tipo de informação veiculada na imagem como “propositadamente demagógica” e cujo único objetivo é “desacreditar o uso de máscaras.”

As máscaras de uso profissional são utilizadas em contextos específicos e foram desenhadas exclusivamente para esses fins. Não passa pela cabeça de ninguém usá-las em toda a população no dia a dia”, esclarece o especialista.

Em relação à eficácia das máscaras to tipo cirúrgico e social, Celso Cunha admite que “tais máscaras não protegem completamente contra o contágio pelo SARS-Cov-2 ou outro qualquer vírus respiratório”. Mas assegura que a utilização de máscara “reduz muito a probabilidade de alguém ser infetado com quantidades de vírus [cargas virais] suficientes para causar doença, devido ao facto de muitas partículas virais ficarem retidas no exterior da máscara”.

O virologista alerta, no seguimento da anterior explicação, para o “correto manuseamento da máscara e da higienização das mãos quando esta é manipulada”.

O uso de máscara, conclui o especialista, “é essencial juntamente com a ainda mais essencial medida de manutenção de distanciamento social e redução de contactos de proximidade”.

No dia 5 de junho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que, “para prevenir efetivamente a propagação da Covid-19 em áreas com transmissão comunitária, os governos devem incentivar o público a usar máscaras em situações e configurações específicas, como parte de uma abordagem abrangente para travar a transmissão do vírus SARS-CoV-2“.

No seguimento dessa recomendação, a OMS divulgou uma lista atualizada de regras e recomendações relacionadas com a utilização de máscaras, nomeadamente a troca regular e a lavagem frequente de máscaras descartáveis.

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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebookeste conteúdo é:

Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafoeste conteúdo é:

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