Numa altura em que Portugal, mas também outros países do bloco europeu, continua a enfrentar uma crise habitacional sem fim à vista, a socialista Marta Temido afirmou, em entrevista à CMTV, que “todos os socialistas europeus apoiam” a ideia de se encontrar uma solução comum para fazer face à situação – como aconteceu, nomeadamente, em matérias de migração e asilo.
Lembrando, no entanto, que os “fundos europeus são limitados” e que, por isso mesmo, é preciso “fazer uma boa escolha” acerca do destino que lhes é conferido, a cabeça de lista do PS às eleições europeias defendeu que Portugal necessita de “mais habitação pública”. E exemplificou: “Nós, em Portugal, temos um parque público de 2%. A média da União Europeia é de 11% e há países que têm perto de 30%. Estamos conversados sobre números.”
Mas será que estes dados estão corretos?
Sim. Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), de 2015, indicam um total de 120 mil fogos de habitação social, 1.157 por 100 mil habitantes. Contas feitas, em relação ao total de alojamentos familiares clássicos registado pelo INE nesse ano, de cerca de seis milhões, contabiliza-se um total de 2% de habitação pública.
No que diz respeito à comparação com outros países do bloco europeu, consultando a publicação “State of Housing in Europe 2023”, da autoria da Federação Europeia de Habitação Pública, Cooperativa e Social, constata-se que, à data, os Países Baixos contavam com uma percentagem total de habitação social na ordem dos 29%, com a Áustria a apresentar valores bastante próximos (24%).
Por sua vez, segundo informação divulgada pela mesma entidade, em junho de 2018, “a habitação social, as cooperativas e a habitação pública” representavam, “em média, apenas 11% do parque habitacional dos países da UE”. Pelo que constatamos que as declarações proferidas por Marta Temido sobre o tema são verdadeiras.
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