“Eu acho que se nota, de há muito tempo a esta parte, que o PS está em queda. E acho que se nota que, o mesmo primeiro-ministro, António Costa, que eu e vários outros comentadores sempre dissemos que é uma pessoa com talento, mestria, habilidade política, há uma coisa que neste momento é muito difícil de perceber: Como é que uma pessoa com tanta habilidade política tem cometido tantos erros? Tantas falhas que comprometem, de facto, politicamente e eleitoralmente, o PS”, declarou ontem Luís Marques Mendes, antigo líder do PSD e atual comentador político no “Jornal da Noite” da SIC.
“São falhas no passado recente e são falhas no presente”, sublinhou Marques Mendes, enumerando vários exemplos, desde a gestão dos incêndios florestais até ao denominado “caso de Tancos”, passando pelo escândalo das relações familiares no Governo e a escolha de Pedro Marques como cabeça-de-lista do PS nas eleições europeias. Na perspetiva do comentador, esses sucessivos “erros” de gestão política explicam a queda do PS nas intenções de voto, referindo-se especificamente à mais recente sondagem da Aximage. “Há dois anos, o PS tinha 21 pontos de diferença em relação ao segundo, ao PSD. Agora tem sete“, afirmou, para depois concluir: “Isto é um problema sério”.
É verdade que “há dois anos o PS tinha 21 pontos” de vantagem sobre o PSD nas sondagens?
Ora, Marques Mendes referia-se à mais recente sondagem da Aximage (divulgada a 12 de abril), na qual o PS regista uma queda de 1,7 pontos para 34,6% enquanto o PSD dispara 3,4 pontos para 27,3%. A diferença entre os dois partidos cifra-se agora em 7,3%, pelo que essa parte da declaração do comentador é verdadeira.

Recuando dois anos, até abril de 2017, a sondagem de então da Aximage colocava o PS na liderança com 43,3% das intenções de voto, seguido pelo PSD com 25,4%, o que perfaz uma diferença de 17,9%. Ou seja, um número bastante inferior aos “21 pontos de diferença” invocados por Marques Mendes.
Não deixa de ser uma queda significativa do PS nas sondagens (apenas as da Aximage, ressalve-se), entre abril de 2017 e abril de 2019, com a diferença para o PSD a cair de 17,9% para 7,3%. Mas o facto é que Marques Mendes não foi rigoroso nos números que indicou, referindo-se a “21 pontos de diferença” que não se verificaram em abril de 2017.
Consultando um arquivo de sondagens desde 2009, porém, descobrimos que, na sondagem da Aximage em agosto de 2017, o PS tinha 44,3% das intenções de voto e o PSD tinha 23,6%, perfazendo uma diferença de 20,7%. Terá sido nessa sondagem que Marques Mendes estaria a pensar quando apontou para “há dois anos“. Não foi exatamente há dois anos (nem foram exatamente 21 pontos), mas ainda assim aceita-se como uma verdade aproximada, não totalmente rigorosa nos números e nas datas.
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