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Mário Machado promete a neo-nazis que aderiram ao Chega que nunca revelará que foram seus camaradas?

Política
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
"Não existe prova alguma que vocês façam ou tenham feito parte dessas organizações [que Machado liderou] porque só eu e apenas eu é que posso provar que o indivíduo “a” ou “b” pertenceu à minha organização. E eu nunca o vou fazer." Mário Machado disse isto em vídeo publicado no YouTube aos seus camaradas que aderiram ao Chega?

A resposta é sim. Publicado a 2 de fevereiro no canal de Mário Machado no YouTube e exposto no Twitter pelo ex-líder da Iniciativa Liberal, Carlos Guimarães Pinto,  o vídeo já tem milhares de visualizações e centenas de comentários. Intitulado “Mário Machado sobre o Chega e André Ventura”, apresenta-se como “um esclarecimento após 2 semanas de intenso debate sobre o Chega e a entrada de amigos e militantes das minhas organizações nesse partido político”.

Abre-se o vídeo e surge o líder histórico dos skinheads portugueses em frente a um retrato gigante de António de Oliveira Salazar. Começa Machado: “Tem vindo a lume nas últimas semanas uma perseguição por parte de jornalistas terroristas quase todos encomendados pela extrema-esquerda radical no sentido de tentar denegrir de alguma forma a imagem do partido político Chega.”

[twitter url=”https://twitter.com/carlosgpinto/status/1224073629991829505″/]

O militante nacionalista refere-se à polémica recentemente provocada pela entrada em massa de neo-nazis nas fileiras do Chega, como Luís Filipe Graça (presidente da Mesa da Convenção Nacional do Chega e ex-dirigente e fundador da organização nacionalista Nova Ordem Social, liderada por Mário Machado),  Nelson Dias da Silva (secretário da Mesa da Convenção Nacional do Chega e porta-voz da organização “Portugueses Primeiro”, de inspiração nazi) ou Tiago Monteiro (líder do Chega em Mafra e ex-dirigente da Nova Ordem Social). Esse processo já foi analisado pelo Polígrafo (pode ver aqui o respetivo fact-check).

Mário Machado

Abre-se o vídeo e surge o líder histórico dos skinheads portugueses em frente a um retrato gigante de António de Oliveira Salazar. Começa Machado: “Tem vindo a lume nas últimas semanas uma perseguição por parte de jornalistas terroristas quase todos encomendados pela extrema-esquerda radical no sentido de tentar denegrir de alguma forma a imagem do partido político Chega.”

Mário Machado prossegue: “Uma pessoa por ter tido envolvimento num movimento de extrema-direita, nacionalista, nacionalista ou fascista não tem daí os seus direitos civis diminuídos”. Por isso, e face às reacções negativas provocadas pela notícia da entrada de nacionalistas neo-nazis no Chega, o líder de extrema-direita promete protecção aos seus seguidores: “O conselho que dou aos meus queridos amigos que me acompanharam durante quase 25 anos de luta nacionalista é que se se quiserem inscrever no Chega nunca, em caso algum, digam que pertenceram a algum movimento nacionalista ou de extrema-direita. Não têm de o fazer. Pelo menos naqueles que eu liderei não existe prova alguma que vocês façam ou tenham feito parte dessas organizações porque só eu e apenas eu é que posso provar que o indivíduo “a” ou “b” pertenceu à minha organização. E eu nunca o vou fazer. Como nunca o vou fazer, só vós próprios podem pôr a corda ao vosso pescoço.”

Mário Machado: “Não existe prova alguma que vocês façam ou tenham feito parte dessas organizações porque só eu e apenas eu é que posso provar que o indivíduo “a” ou “b” pertenceu à minha organização. E eu nunca o vou fazer.”

Machado fecha o vídeo com um apelo aos seus amigos: que obedeçam a André Ventura, o líder de um partido que considera “uma lufada de ar fresco no panorama político português” porque “tem feito mossa e incomodado os nossos inimigos”.

Avaliação do Polígrafo: Verdadeiro

 

 

 

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