“Portugal é um dos países com maior despesa direta do bolso das pessoas em cuidados de saúde. Isto significa duas coisas: que os portugueses que não têm capacidade de pagar por um seguro de saúde em dinheiro têm de esperar no Serviço Nacional de Saúde e que os restantes estão a pagar mais que uma vez para obterem cobertura de saúde. É um enorme desperdício de recursos da sociedade e também uma profunda injustiça”, sublinhou Mário Amorim Lopes num vídeo partilhado no X/Twitter, no qual aborda a visão que o Iniciativa Liberal tem para a saúde.
O deputado e cabeça-de-lista por Aveiro está certo quando fala sobre a despesa dos portugueses em cuidados de saúde?
No ano passado, o Polígrafo chegou a verificar uma alegação relacionada também com estes custos.
Na última edição do “Relatório de Envelhecimento”, publicado no dia 12 de julho de 2024, no âmbito de um projeto de investigação da Nova SBE, destaca-se que “Portugal é já o terceiro país da OCDE em que as despesas diretas em Saúde absorvem uma maior percentagem das despesas totais dos cidadãos”.
Nota-se que este não é exatamente um indicador de gastos absolutos (quem mais mais, em valor nominal), mas de proporção dos gastos com Saúde nas despesas totais dos cidadãos – um pormenor a ter em atenção.
No mesmo documento indica-se ainda que “entre os residentes em Portugal, são os idosos que estão sujeitos a uma maior desproteção financeira para despesas em Saúde”. Baseia-se em dados compilados pela OCDE no relatório “Health at a Glance 2023”. De acordo com esses dados referentes a 2021, no conjunto dos países da OCDE, a despesa direta em Saúde corresponde, em média, a 3,3% da despesa total dos agregados familiares.
Em Portugal, contudo, o peso da despesa direta em Saúde na despesa total das famílias é de 5,2%, muito acima da média da OCDE e apenas superada pela Coreia do Sul (6,1%) e Suíça (5,5%).
Atribuímos assim à alegação de Mário Amorim Lopes a avaliação de “verdadeiro, mas…”, uma vez que é verdade que Portugal é um dos países com maior despesa direta do bolso das pessoas em gastos em saúde, mas trata-se de uma percentagem relativa à despesa total de cada agregado familiar.
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Avaliação do Polígrafo:
