No plenário de ontem à tarde, durante as declarações políticas, a deputada única do Bloco de Esquerda acusou o Governo de priorizar os temas errados e de esquecer os problemas verdadeiramente importantes: “As rendas estão a subir, o Governo não sabe quantos alunos não têm aula, sabemos agora que o SNS gastou 700 milhões de euros em horas extra e tarefeiros… e a prioridade do Governo é a lei da nacionalidade. O PSD não sabe como resolver a educação, a habitação e a saúde e, portanto, diz ‘o mercado resolve’.”
Será verdade que o SNS gastou 700 milhões de euros com horas extra e tarefeiros no último ano?
Sim. Os números são do Conselho das Finanças Públicas (CFP), divulgados esta terça-feira, 1 de julho, no relatório “Evolução do desempenho do Serviço Nacional de Saúde em 2024”. Segundo o CFP, as entidades do SNS registaram um total de 17,9 milhões de horas de trabalho suplementar em 2024, o que se traduz num aumento de 5,3% face a 2023. Apesar disso, “o encargo com as horas suplementares apenas aumentou 0,12% ao registar um total de 465,1 milhões de euros em 2024”.
“Do total de horas de trabalho suplementar, 36% referia-se a trabalho prestado por médicos, totalizando 6,4 milhões de horas. Por sua vez, os enfermeiros registaram 5,6 milhões de horas de trabalho suplementar, correspondendo a 31,5% do total”, especifica o estudo.
O mesmo documento revela ainda, quanto à contratação de prestação de serviços médicos, que se registou em 2024 “um incremento de 3,6% no total de horas contratadas”, ou seja, a tarefeiros, correspondendo a uma despesa de 229,8 milhões de euros. Do total de horas contratadas, “81,4% refere-se à contratação de serviços prestados por médicos”.
No total, estão em causa 694 milhões de euros, um montante que fica próximo o suficiente para atribuir à declaração de Mortágua o selo “Verdadeiro”.
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Avaliação do Polígrafo: