"A nova líder do BE foi eleita de braço no ar, estando a primeira fila virada para trás atenta aos votos contra - o voto secreto universal e a democracia morrem de novo num 28 de maio". A acusação partiu de Pedro Frazão, num "tweet" divulgado ontem, horas depois de Mariana Mortágua ter sido eleita líder dos bloquistas no XIII Congresso do partido em Lisboa. O deputado do Chega foi o primeiro, mas não seria o último a partilhar esta narrativa.

André Ventura recorreu ao "Twitter", horas mais tarde, para denunciar a ilegalidade da votação: "A nova coordenadora do Bloco foi eleita, em congresso, de mão no ar, sem votação secreta. Isto é nulo e ilegal. Se fosse no Chega, o que já estaria a ser dito? Que alarmes já teriam soado?"

Será verdade que a sucessora de Catarina Martins na liderança do Bloco de Esquerda foi eleita de "mão no ar" e "sem votação secreta"?

Não. De facto, na manhã deste domingo, Mariana Mortágua, deputada bloquista, venceu as eleições internas do Bloco com uma margem significativa. A lista da moção A, encabeçada pela própria, recolheu 439 votos contra os 79 da lista da moção E, liderada por Pedro Soares. E é precisamente nesta frase que se explica a falha na acusação: não foi Mariana Mortágua quem foi votada de "mão no ar", mas sim a sua moção, como explica ao Polígrafo o partido: "Segundo a Moção aprovada pela Convenção, 'a coordenação da Comissão Política ficará a cargo de quem encabece a lista mais votada para a Mesa Nacional do Bloco de Esquerda'".

Sucede que, entre sábado e domingo, a Mesa Nacional "foi eleita por voto secreto", confirma ao Polígrafo o Bloco, "como acontece em todas as Convenções" do partido. É dessa Mesa que faz parte, como coordenadora, a deputada bloquista.

Em suma, Mariana Mortágua foi, numa primeira fase, eleita pelo comum voto secreto, em urna, ao contrário do que fazem crer os dois deputados do Chega. A moção vencedora daquele congresso foi, essa sim, votada com "braços no ar", mas a escolha dos líderes já não estava, nesse momento, em causa.

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