As negociações para os debates televisivos que antecedem as legislativas de maio já começaram e não da melhor forma. A Aliança Democrática (AD) comunicou às três televisões, RTP, SIC e TVI, que o líder do PSD vai marcar presença nos debates com o PS, Chega, IL e PCP. No entanto, é Nuno Melo, líder do CDS-PP, quem vai enfrentar o BE, Livre e PAN, uma decisão que não agradou nem a Mariana Mortágua nem a Inês Sousa Real.
A presidente do PAN escreveu, no X, que o ainda Primeiro-Ministro está a “fugir” ao debate e que está a fazer de Nuno Melo o “ministro da Defesa Pessoal”.
Mariana Mortágua foi mais longe e acusou Montenegro de, por “medo”, fazer algo inédito: “Nunca em democracia um candidato a Primeiro-Ministro escolheu a dedo quais são os adversários com quem quer debater. Será o primeiro concorrente em eleições na história da democracia que não debate com todos os adversários. José Sócrates não fez isto, Pedro Passos Coelho não fez isto, António Costa não fez isto. E, portanto, eu queria deixar muito claro que estarei à espera de Luís Montenegro para fazer um debate durante esta campanha eleitoral.” Mas não é verdade.
Em 2015, Pedro Passos Coelho (PSD) formava com Paulo Portas (CDS-PP) a coligação Portugal à Frente (PàF). Na reunião com as estações televisivas, os dois dividiram as tarefas: Paulo Portas iria representar a PàF no debate frente ao PCP. No entanto, a decisão não agradou aos comunistas, que também não jogaram com o seu trunfo mais forte. No lugar do líder do PCP esteve Heloísa Apolónia, deputado pelo partido “Os Verdes”.
A ideia inicial não era, porém, que Paulo Portas substituísse Passos Coelho, mas sim que debatesse individualmente com os partidos enquanto líder do CDS-PP. Foi isso que aconteceu com o Bloco de Esquerda: Catarina Martins esteve frente-a-frente com Portas e com Passos Coelho em dias diferentes, cada um em representação do seu partido.
A CDU recusava, no entanto, que o CDS-PP participasse individualmente dos debates entre partidos com assento parlamentar, uma vez que fazia coligação com o PSD. Se tal acontecesse, defendia a coligação, “Os Verdes” também teriam que ter lugar. O debate acabou por não acontecer.
Em suma, o “inédito” já aconteceu. Em 2015, PàF e CDU trocaram as voltas às televisões e levaram a jogo os seus número dois. Assim, nem Passos Coelho nem Jerónimo de Sousa debateram com todos os seus adversários.
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